1º Ano Ensino Médio - Noturno - Introdução ao Ensino de Sociologia

TEMA: Família 

Considerando-se que a vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência dos seres humanos enquanto indivíduos, é na família que se dá início ao processo de socialização, educação e formação para o mundo. Os grupos familiares caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição ao longo da história em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas ao aspecto da procriação e preservação da espécie, mas tornou-se um fenômeno social. 

As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas, fato que justifica, muitas vezes, o amor existente entre pais e filhos adotivos, logo sem relação consanguínea. Assim, os laços que unem os indivíduos em família não se sustentam pela lógica da troca, da conveniência do relacionamento a partir de um cálculo racional como que em um contrato no mundo dos negócios em que cada parte vê vantagem na relação existente, constituindo um grupo formal. Ao contrário, a família é um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por afeto e afinidade, e que por conta deste sentimento criam vínculos que garantem a convivência (em um mesmo local de residência, por exemplo), além da cooperação econômica. 

Mas o que dizer dos inúmeros problemas familiares que tanto se ouve falar ou mesmo que se pode enfrentar no dia a dia? As respostas para esta pergunta são várias, assim como o grau de complexidade de cada uma pode variar. Porém, de maneira muito simplista, até certo ponto, é possível afirmar que a gênese dos conflitos familiares está no momento em que as bases da união (que justifica o tipo de relacionamento e de ligação) deste grupo começam a ser minadas pelo despontar das personalidades, das opiniões diferentes, da individualidade de cada membro, o qual não abre mão daquilo que lhe é particular (enquanto indivíduo) em nome da família. Para ilustrar, basta pensar nos conflitos existentes em famílias com jovens adolescentes os quais, neste momento em que deixam a infância para entrarem na vida adulta, tornam-se muito mais críticos aos valores dos adultos que o cercam, muitas vezes cogitando até mesmo, de forma impulsiva, abandonar o lar. Logo, nada mais natural do que os choques de geração e conflitos entre pais e filhos neste sentido, o que não significa uma desestabilização definitiva da família. Assim, a despeito disso, os vínculos construídos para além do biológico permanecem. 

Transformações na Família 

As mudanças ocorridas durante o final do Século XIX e ao longo da primeira metade do Século XX, tiveram implicações diretas nas famílias brasileiras da segunda metade do Século XX, principalmente na saída da mulher para o mercado de trabalho, na educação dos filhos, na impessoalidade nas relações sociais, no controle da natalidade e no enfraquecimento dos laços de parentesco. 

Historicamente, a preservação parcial da economia latifundiária explicaria, segundo Teruya (2000, p. 10), a manutenção das enormes desigualdades sociais no país, juntamente com as relações semi-patriarcais, principalmente nos estados do Norte. Por outro lado, o desenvolvimento da economia industrial no Sudeste é que passou a transformar a família, fazendo com que ela se nucleasse, para atender melhor às demandas da sociedade moderna, e com que perdesse a sua função reprodutiva. 

Para a autora, a condição urbano/rural foi a baliza para determinar o tipo familiar. E, também, que a união do processo de urbanização e da industrialização da sociedade no século XX, juntamente com o fenômeno da migração, fizeram com que o controle da produção passasse gradualmente da família para os empresários capitalistas e para o Estado. Em decorrência desta união ocorreram o enfraquecimento das relações de parentesco, a redução do tamanho da família e a redução do poder do pai e do marido. (TERUYA, 2000, p. 10). 

Atualmente as famílias são formadas por diversas estruturas: por exemplo, há mães solteiras com seus filhos; pais com filhos adotivos; famílias formadas por casais que já tiveram outros casamentos com filhos e decidiram ter outros filhos dessa união; temos ainda famílias formadas por um casal e um “animal de estimação”… e, também, se questiona se podemos considerar família o solteiro adulto que vive sozinho. 

De modo, dois fatores recentes precipitaram toda essa transformação na organização familiar. O primeiro fator foi a legalização do divórcio, que, no Brasil, virou lei em 1977. O segundo foi o surgimento da pílula anticoncepcional, que garantiu aos homens e às mulheres a alternativa de uma vida sexual desvinculada da paternidade/maternidade. 

O flagrante da revolução contemporânea, pela qual passa a população e a família brasileira, se completa com núcleos familiares formados por minorias como os homossexuais (com casamento e adoção de crianças) e por conta das novas técnicas de reprodução (inseminação artificial, doador de esperma, barriga de aluguel, etc.). A respeito destas famílias alternativas, Danda Prado, em 1981, já apontava quatro formas de famílias cujas principais características as diferenciavam das formas tradicionais:

a) A família criada em torno a um casamento dito “de participação” – trata-se aí de ultrapassar os papéis sexuais. 

b) O casamento dito “experimental” – que consiste na coabitação durante algum tempo, só legalizando essa situação após o nascimento do primeiro filho. 

c) Outra forma de família seria aquela baseada na “união livre”. 

d) A família homossexual, quando duas pessoas de mesmo sexo vivem juntas, com crianças adotivas ou resultantes de uniões anteriores, ou, no caso de duas mulheres, com filhos por inseminação artificial. (PRADO, 1981, p. 19-22). 

Assim, há uma questão que se coloca na contemporaneidade: Diante de tantos divórcios, casamentos tardios e pessoas mais velhas morando ainda com os pais, ou mesmo vários casamentos ao longo da vida unindo-se filhos de relacionamentos anteriores, a família enquanto instituição estaria desaparecendo? Na tentativa de esboçar uma resposta, talvez possamos afirmar que, obviamente, aquele sentido mais tradicional da palavra estaria sim em extinção. Porém, tomando a família enquanto grupo e fenômeno social, é possível dizer que ela passa por uma forte reestruturação. 

“Em 2012 pela primeira vez, lares com formação tradicional deixam de ser maioria no país.” 

O que está em declínio é a ideia de uma família na qual a mulher se restringe à esfera privada dedicando-se exclusivamente aos afazeres domésticos, e ao homem cabe a esfera pública, da rua, do mundo do trabalho. Neste padrão tradicional de família, a união entre os cônjuges era marcada, predominantemente, pela cerimônia religiosa do casamento, independentemente da religião, fato que contrasta com as uniões muito frequentes e pouco duradouras de agora, consequência direta do temor em relação ao compromisso mais sério, principalmente pelos jovens. Também como sinal dessa reformulação dos padrões e arranjos familiares estão as famílias que se iniciam com casais homossexuais, o que acaba por gerar polêmica não apenas pelo fato da união em si (dados o preconceito e a intolerância existentes), mas também quando se cogita a adoção de crianças por eles, uma vez que no imaginário de boa parte das pessoas prevalece a ideia de uma família na qual os pais têm sexos diferentes. Nestes novos padrões familiares, além da conquista de uma maior independência pelas mulheres (em vários aspectos), elas casam-se e tornam-se mães agora com mais idade, além de terem um número de filhos extremamente reduzido quando comparado aos níveis de décadas passadas. 

Dessa maneira, é importante considerar que, se a família é a base ou início do processo de socialização dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela seja estruturada de tal forma que o relacionamento entre seus integrantes seja pautado na harmonia e respeito entre seus pares, dada a importância e influência que tal grupo exerce na vida de cada um. Logo, ao pensar na família enquanto grupo não se trata aqui de fazer uma apologia ao modelo do passado ou ao do presente, mas de propor a reflexão quanto aos desdobramentos de sua conformação e de suas transformações, uma vez que suas características refletem a sociedade de seu tempo, o que faz dela (da família) um fenômeno social.

Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas fonte: http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-umfenomen


O Novo Perfil das Famílias Brasileiras.

Um novo recorte do censo 2010, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE, mostra um retrato
detalhado da família brasileira. O estudo confirma características observadas nos últimos anos,
reflexo da mudança estrutural dos grupos familiares, da maior participação da mulher no
mercado de trabalho, das baixas taxas de fecundidade e do envelhecimento da população. E
detalha aspectos ainda não mensurados no país, como a maior disposição dos brasileiros para
dar início a um novo relacionamento conjugal depois de uma (ou mais) experiências de vida a
dois – resultado também da mudança na legislação no mesmo ano do estudo, o que tornou o
divórcio algo possível com uma simples passagem pelo cartório.

A novidade que emerge do estudo vem da preocupação do IBGE de, pela primeira vez, analisar
as famílias reconstituídas. Ou seja, “os núcleos constituídos depois da separação ou morte de
um dos cônjuges”. Esses grupos representam 16,3% do total de casais que vivem com filhos,
sendo eles de apenas um dos companheiros ou de ambos. São mais de 4,4 milhões as famílias
com essas características atualmente – o restante, quase 84%, é formado por casais com filhos
do marido e da mulher vivendo juntos no momento da entrevista. A composição de casais com
filhos ainda representa a maioria das famílias brasileiras, apesar da queda significa

Atividade 1- Segundo o texto são mudanças observadas nas famílias brasileiras nesse início de
século XXI, exceto.

a) A maior participação da mulher no mercado de trabalho.
b) Aumento do número de idosos
c) Baixas taxas de fecundidade.
d) Aumento do número de crianças por casal.

Atividade 2- No texto é apresentado o conceito de famílias recasada, em que consiste essa
definição?tiva nessa fatia da população: foi registrada redução de 63,6%, em 2000, para 54,9%
em 2010.

a) São famílias formadas por pessoas do mesmo sexo. 
b) São famílias chefiadas somente pelo pai. 
c) São famílias chefiadas somente pela mãe. 
d) São famílias formadas por homens e mulheres oriundos de outros casamentos e seus respectivos filhos . 

Atividade 3- Por que podemos entender as famílias como grupo de socialização primária? 

a) Pois são nas famílias que as crianças aprendem a sua função no mercado de trabalho. 
b) Porque cada vez menos as famílias se configuram importantes na socialização das crianças. 
c) Pois são nas famílias que se dá início ao processo de socialização, educação e formação para o mundo. 
d) Por que as famílias só influenciam as pessoas de forma primária, sendo a sua identidade formada posteriormente. 

Atividade 4- Podemos definir família como: 

a) Grupos primários com apenas o objetivo da procriação. 
b) Apenas por constituições históricas. 
c) Grupos primários, nos quais as relações entre os indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas. 
d) Apenas por vínculos Biológicos. 

Atividade 5- São conclusões que podemos tirar acerca das Famílias Modernas, exceto: 

a) Aumenta a cada ano a média de número de filhos por mulheres 
b) As mulheres participam cada vez mais do mercado de Trabalho. 
c) Mesmo ainda sendo maioria, o número de casais com filhos no Brasil tem diminuído. 
d) Que cresce o número de brasileiros que iniciam um segundo casamento. 

Atividade 6- Por que, segundo a análise de especialistas nas questões de gênero, as mães são em parte responsáveis pela perpetuação do machismo em nossa sociedade? 

a) Porque as mães educam de forma mais dedicada às suas filhas, deixando sem educação seus filhos. 
b) Porque as mães sofrem violência de seus esposos. 
c) Porque os pais não educam seus filhos como manda a tradição. 
d) Porque grande parte das mães educam seus filhos e filhas reproduzindo padrões machistas.

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