1º Ano Ensino Médio - Noturno - Introdução ao Ensino de Sociologia: Religião
TEMA: Religião
No que consiste a Sociologia da Religião?
A Sociologia da Religião é um ramo da Sociologia e ela se fundamenta na compreensão humana
entre o “profano” e o “sagrado”. Independente da crença, o que é mais significativo da religião
para a Sociologia é o papel fundamental que ela exerce na vida social.
Como é a pesquisa em Sociologia da Religião? Quais são os principais Sociólogos?
A pesquisa em Sociologia da Religião se dá de forma empírica, através de autores clássicos
como Émile Durkheim, Max Weber, Georg Simmel e outros autores que colaboram para essa
análise como Sigmund Freud e William James. Falaremos um pouco sobre os Clássicos.
Lembrando que, a orientação pessoal de cada sociólogo emerge de modo claro por meio das
próprias definições de religião.
Émile Durkheim e as Formas Religiosas – Durkheim considera a religião como parte essencial
da vida social, em sua própria obra “As formas elementares da vida religiosa” ele diz: “Nosso
objetivo, neste livro, é estudar a religião mais primitiva e simples atualmente conhecida, fazer a
análise dela, tentar sua explicação.” Para o sociólogo, a ciência não substitui a religião. Há algo
eterno na Religião. Em toda obra ele visa à busca da origem da vida social, e tem como pesquisa
o Totemismo de povos primitivos na Austrália. Em busca do universo ideológico do fenômeno
religioso ele consegue articular as representações de tempo, espaço, morte através da
instituição nas quais ele acreditava ter uma consciência coletiva. Ele conclui a obra
entendendo que a religião é algo eminentemente social, as representações religiosas são
representações coletivas (Ritos) nesse sentido a religião é um produto do coletivo.
Max Weber e a Religião – Um dos principais motivos de sua pesquisa foi captar as relações
entre economia e religião. Ele reconhece o capitalismo como uma força na realidade social
moderna, mas evita atribuir a uma só matriz a origem das dinâmicas sociais (divergindo de
Marx). Nesse sentido ele trabalha com o econômico e o religioso em sua obra “A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Nessa obra ele analisa a origem de uma consciência e econômica condicionada a um conteúdo da fé religiosa. Tem como recorte o caráter
predominante protestante calvinista, que em sua análise pregava a acumulação de capital em
um objetivo existencial, e que o sucesso na profissão é um sinal de predileção divina.
Georg Simmel, Religiosidade e Religião – Simmel dá início diferenciando os dois conceitos –
Religiosidade e Religião, que em sua opinião se difere pelo fato de que a Religião é criada pela
Religiosidade e não o contrário. A Religiosidade seria uma “ disposição de ânimo interior”, e a
religião uma fase mais avançada, uma objetivação da fé. Um processo similar que o autor faz
com natureza e cultura. Um exemplo: A crença na versão simmeliana seria um exemplo de
religiosidade, enquanto os ritos se encontrariam a meio caminho entre a religiosidade e
religião.
Religião segundo Karl Marx – “A religião é o Ópio do Povo ”
Karl Marx define a religião pura e simplesmente como uma projeção de nossa realidade terrena
para um plano superior metafísico. A religião consiste para ele em um mundo fantástico, criado
pela mente humana que tenta dar a certos fenômenos naturais um ar sobrenatural, isto
significa que religião com o seu Deus não passa de uma mera ilusão, algo a que não se deve dar
crédito.
Para aqueles que estudam, estudaram ou têm pelo menos uma noção de história da filosofia,
veremos que vários autores em sua antropologia não hesitaram em afirmar que o homem é um
ser dotado de carência. Marx é um destes:
Ele define a natureza humana por suas carências ou necessidades e pela dialética da satisfação dessas
necessidades, desdobrando-se seja na relação do homem com a natureza exterior pelo trabalho, seja
em sua relação com os outros homens pela natureza (LIMA VAZ, 2000, p. 129).
A religião, portanto, para Karl Marx, passa a uma ilusão, alienação, ou num dizer
mais marxista “um ópio” para amenizar o sofrimento. Uma teoria marxista sustenta que
a religião surgiu através do espanto, medo.
Intolerância Religiosa
A intolerância religiosa é um dos problemas mais delicados do mundo. O fanatismo religioso
conduz algumas pessoas a realizarem guerras ou conflitos contra as outras, em nome de sua
religião. A questão é preocupante porque envolve o ser humano em sua mais pura essência
quando sua crença religiosa é colocada em jogo.
Intolerância religiosa é um termo que descreve um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas
a crenças e práticas religiosas. Que somadas a falta de habilidade ou a vontade em reconhecer
e respeitar diferentes crenças de terceiros, é considerado um crime de ódio que fere a
liberdade e a dignidade humana.
Neste contexto, a perseguição pode tomar vários rumos, desde incitamento ao ódio até a
torturas e espancamentos
Mas a perseguição não é um problema atual. Ela ocorre desde os primórdios da antiguidade,
quando os primeiros cristãos foram perseguidos por judeus e pagãos. Na Idade Média, no final
do Império Romano, os judeus foram perseguidos e as conversões forçadas se tornaram
comuns, como na Península Ibérica, em meados do Século XIV.
Durante o século XX, a perseguição religiosa atingiu proporções nunca vistas na história. A
perseguição em massa dos povos judeus pelos nazistas, fase mais conhecida como o
Holocausto, vitimou milhares de pessoas, não apenas pela raça, mas especificamente contra
os seus ideais religiosos.
Outro exemplo na Idade Contemporânea de perseguição não estatal foi por parte da antiga
União Soviética que perseguiu vários grupos religiosos de um estado de jurisdição ateísta. O
resultado foi o deslocamento forçado de 80 mil pessoas e a extinção de 2 cidades cristãs.
É inegável que o problema existe. Mas o Brasil não tem um histórico de conflitos armados
motivados pela religião, como ocorrem no Oriente Médio ou na Índia, por exemplo. Diante disso,
quais dimensões assume a intolerância religiosa no Brasil?
Em 2014, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação religiosa no país. Mais de um
quarto (26,17%) ocorreu no estado do Rio de Janeiro e 19,46%, em São Paulo. O número total é
menor em relação a 2013, quando foram registradas 228 denúncias. Mesmo assim, mostra que a
questão no país ainda não foi superada.
Para que a legislação não seja interferida por correntes religiosas, sociais, políticas e culturais,
o Estado é laico. Assim, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso
VI, assegura a liberdade de crença religiosa, além da proteção e respeito às manifestações
religiosas e locais de culto.
Como as principais vítimas no Brasil são das religiões de matriz africana, como o candomblé e a
umbanda, em 2010 foi criada a Lei de nº 12.288 (Estatuto da Igualdade Racial), que busca
proteger esses cultos de matriz africana.
Mas é importante lembrar que crítica é diferente de intolerância. O direito de criticar dogmas é
assegurado como liberdade de expressão.
Mas, atitudes agressivas, ofensas e tratamento
diferenciado a alguém por causa de sua crença ou de não possuir uma religião, são
considerados crimes sem fiança.
Diante deste conceito amplo, podemos resumir como liberdade religiosa:
– O direito de ter uma religião e crer num ser divino;
– O direito de não ter uma religião e não crer em um ser divino;
– O direito à neutralidade religiosa em espaços de uso comum (públicos)
Aperfeiçoar a tolerância às diferenças é indispensável no regime democrático, pois quando se
consegue fazer valer a laicidade do Estado, os direitos fundamentais são preservados.
A laicidade do Estado está ligada a diversos direitos humanos, como: liberdade de expressão,
liberdade de crença e de não crença, igualdade de gênero e os direitos da população LGBT.
Reconhecendo que a prática de intolerância religiosa constitui violação no Estado Democrático
de Direito, contribui não apenas para preservar os direitos fundamentais das pessoas, mas
também para a laicidade do Estado, que tem por finalidade construir uma sociedade livre, justa
e solidária.
Estado laico e Estado religioso
É importante conhecer a diferença entre Estado laico e Estado religioso para entender a
relação entre o Estado e as religiões.
No Estado laico, o princípio constitucional da igualdade visa a condenar a existência de
tratamento diferenciado do Estado às religiões.
O conceito de Estado diz respeito ao conjunto de instituições políticas e administrativas
responsáveis por ordenar e regular o espaço de um povo ou nação. A existência de um Estado
pressupõe que ele possua seu próprio território, que tenha ação soberana, seja dirigido por um
governo próprio e seja pessoa jurídica de direito público internacionalmente reconhecida. No
que diz respeito à relação de um Estado com as religiões nele existentes, ele pode ser
categorizado em duas classificações distintas: Estado laico e Estado religioso
Estado Laico: é aquele que prevê a neutralidade em matéria confessional, não adotando
nenhuma religião como oficial e mantendo equidistância entre os cultos. É conhecido
também como Estado Secular. Em alguns Estados laicos, há incentivo à religiosidade e à
tolerância entre os credos, enquanto outros chegam a criar leis e mecanismos para
dificultar a manifestação religiosa em público.
Estado Laico x Estado Ateu
É importante ressaltar que o conceito de Estado laico não deve ser confundido com Estado
ateu, tendo em vista que o ateísmo e demais manifestações de “não crença” também se
incluem no direito à liberdade religiosa. No conceito de liberdade religiosa, inclui-se a liberdade
de ter uma crença e a de não ter uma crença. Assim sendo, confundir Estado laico com Estado
ateu é privilegiar essa crença (ou não crença) em detrimento das demais.
Estado Religioso: É aquele em que a religião interfere em alguma medida na administração,
legislação ou gestão pública e é também chamado de Estado confessional. Na atualidade,
está presente em especial no mundo islâmico, mas pode ser identificado também na África e
na Ásia
O Estado pode ser classificado como laico ou religioso. Esse último manifesta-se de forma
orgânica ou subjetiva
O Estado confessional pode manifestar-se de forma orgânica, ou seja, as instituições religiosas
participam formalmente do governo, como se fosse um quarto poder e com autoridade para
aprovar ou rejeitar leis que desrespeitem o credo. Um exemplo recente foi o governo talibã
do Afeganistão, em que havia leis civis que regulamentavam hábitos e costumes da população
de acordo com princípios religiosos, cuja desobediência era punida pelo Estado.
O Estado também pode apresentar a manifestação religiosa por meio de interferência
subjetiva, em que um grupo ou instituição religiosa tem voz nas decisões de Estado e busca
salvaguardar seus interesses.
O Brasil e o Estado Laico
No Brasil, a legislação prevê a inviolabilidade da liberdade de crença e assegura o livre exercício
dos cultos religiosos
A atual Constituição não institui qualquer outra religião como sendo a oficial do Estado.
Estabelece em seu artigo 19, I o seguinte:
“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público.”
Em razão desse e de outros dispositivos constitucionais, diz-se que o Brasil é um Estado laico
onde há liberdade religiosa. A legislação ainda prevê que o direito à liberdade religiosa é
inviolável e que o Estado deve assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a
proteção aos locais de culto e às suas liturgias.
Fonte:http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/estado-laico-estado-religioso.htm
Apesar de manter da tendência de queda na concentração, a religião católica ainda é seguida
pela grande maioria dos brasileiros: 64,6%
Entre 2000 e 2010, o Brasil manteve a tendência de pluralização religiosa da população
constatada durante as últimas pesquisas censitárias realizada no País, segundo dados
divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os
católicos passaram de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. Embora o perfil religioso da
população brasileira mantenha, em 2010, a histórica maioria católica, esta religião vem
perdendo adeptos desde o primeiro Censo, realizado em 1872.
Segundo o IBGE, desde o primeiro recenseamento nacional até a década de 1970, o perfil recenseamento nacional até a década de 1970, o perfil religioso da população brasileira
manteve como aspecto principal a hegemonia da religião católica apostólica romana,
característica herdada do processo histórico de colonização do País. As demais religiões
praticadas no Brasil tinham contingentes significativamente menores. Em aproximadamente
um século, a proporção de católicos na população variou 7,9 pontos percentuais, reduzindo de
99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970.
Atividade 1- Sobre as religiões brasileiras, assinale a alternativa incorreta.
a) A sociedade brasileira vivencia a presença de inúmeras manifestações religiosas, o que a
caracteriza como uma sociedade que possui um sincretismo religioso.
b) Existem no Brasil diversas manifestações religiosas, aquelas chamadas de orientais como o
budismo e as africanas como o candomblé.
c) Embora atualmente existam um número crescente de igrejas evangélicas e outras
denominações religiosas, o Brasil ainda é considerado um país de origem católica.
d) Manifestações religiosas como o candomblé e a umbanda sempre foram aceitas no país e
seus praticantes nunca foram alvos de preconceitos e discriminação.
e) Existem no Brasil pessoas que se declaram agnósticas e ateias, ou seja, que não possuem
nenhum tipo de religião e nem acreditam em Deus.
Atividade 2- Leia o texto abaixo e responda ao que se segue.
RIO – Uma série de mudanças no perfil da família brasileira tem sido registrada nas últimas
décadas e se confirma no Censo 2010. A proporção de casais que vivem em união consensual
teve grande aumento na década, enquanto o porcentual dos que são casados formalmente teve
queda significativa. Os casamentos informais são crescentes inclusive na população que se diz
católica, embora a Igreja reprove esse tipo de união conjugal.
A proporção de pessoas que vivem em união consensual passou de 28,6% em 2000 para 36,4%.
O percentual de casados no civil e no religioso caiu de 49,4% para 42,9%. Praticamente não
houve mudança na proporção dos que têm apenas casamento civil, que passou de 17,5% em
2000 para 17,2% em 2010. Os casados apenas no religioso caíram de 4,4% para 3,4%.
A reportagem acima indica que a religião no Brasil está:
a) deixando de ser importante nas famílias de classe baixa.
b) passando a ser irrelevante nas práticas afetivas.
c) chegando ao seu ápice através dos cultos matrimoniais.
d) rompendo os dogmas tradicionais do catolicismo.
e) aplicando os ensinamentos bíblicos ao dia-a-dia.
Atividade 3- (UERJ 2013) O censo de 2010 revelou mudanças
significativas na escolha de religião pelos brasileiros, como se pode observar
no gráfico.
A mudança registrada nos percentuais de evangélicos para o período 1980-2010 se explica
principalmente pelo seguinte fator:
a) estímulo à migração de fiéis, institucionalizando a criação de novos templos.
b) obrigatoriedade do ensino religioso na educação básica, favorecendo a conversão.
c) capacitação de funções de liderança, priorizando a formação superior de pastores.
d) ampliação de práticas missionárias, mobilizando os meios de comunicação de massa.
e) aumento da escolaridade da população Brasileira. .
Atividade 4- Na obra “À ética protestante e o espírito do capitalismo”, o sociólogo Max Weber
analisa a influência de um tipo de comportamento religioso no desenvolvimento do capitalismo
moderno. O autor destaca a relação particular entre a ética protestante e a questão do trabalho
para mostrar, por exemplo, que:
I) o trabalho deve ser encarado como um dever (vocação) e não como uma obrigação; e
II) o aumento de salário não significa aumento da produção.
Com base no enunciado e afirmações acima é CORRETO afirmar:
a) O surgimento do capitalismo moderno é o produto autêntico de uma mentalidade
protestante.
b) O surgimento do moderno capitalismo do ocidente surgiu de modo acidental.
c) A suposta correlação entre aumento de salário e maior produtividade do trabalho nunca pode
ser comprovada.
d) A maneira protestante de encarar o trabalho contribuiu para o maior desenvolvimento do
capitalismo em países como a Inglaterra e os EUA.
e) O modo protestante de encarar o trabalho debilitou a expansão da produção econômica nos
países de maioria protestante.
Atividade 5- O conceito de Estado laico muitas vezes é visto de maneira equivocada, pois é
confundido com uma limitação estatal sobre as crenças e não crenças da população. Sobre a
definição de Estado laico, estão corretas as proposições a seguir, exceto:
a) Também conhecido como Estado secular, o Estado laico prevê a neutralidade em matéria
confessional.
b) No Estado laico, as religiões têm o direito de exercer as suas práticas, mas sem a
participação do governo.
c) A posição neutra do Estado laico busca incentivar o ateísmo e outras formas de “não crença”
como forma de distanciar-se das religiões e manter a laicidade.
d) O Estado laico não adota nenhuma religião como oficial e mantém equidistância entre os
cultos.
e) Nenhuma das alternativas.
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