2º Ano Ensino Médio - Noturno - Cultura e Política na Construção do Estado Nacional Brasileiro (1822-1900).
TEMA: A CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
A vinda da Corte portuguesa para o Brasil estava de acordo com o projeto de vários políticos e
intelectuais de formar um império luso-brasileiro com sede no Rio de Janeiro. Mas o período joanino
não foi nada tranquilo, com muitas guerras e conflitos, como a invasão da Guiana Francesa (1809)
e da Banda Oriental do rio da Prata (1816) e o movimento separatista em Pernambuco (1817).
Em Portugal, sobravam problemas com a permanência da Corte no Rio de Janeiro. Na cidade do Porto,
em 1818, comerciantes, magistrados e militares criaram uma sociedade secreta, o Sinédrio, para
discutir as ideias liberais e contestar o regime absolutista dos Bragança e a presença militar inglesa,
comandada pelo marechal Beresford, titulado Lorde Protetor de Portugal. Em 1820, o grupo iniciou
uma insurreição, conhecida como Vintismo ou Revolução Constitucionalista do Porto, que acabou
por tomar as ruas e se estender pelo restante de Portugal, incluindo Lisboa.
Vitoriosos, os rebelados criaram juntas governativas e iniciaram os preparativos para elaborar uma
Constituição que colocasse limites ao poder real. Eleições para uma constituinte foram convocadas
e realizadas em Portugal e no Brasil. Em 1821, reuniram-se as Cortes portuguesas, formadas por
deputados eleitos no reino e nas províncias ultramarinas, que transformaram o reino numa
monarquia constitucional.
D. João VI e seus conselheiros oscilavam entre duas possibilidades: voltar a Portugal com a Corte
e aceitar a Constituição, mantendo-se rei, ou permanecer no Brasil sob o risco de ser destronado
em Portugal. D. João decidiu retornar a Lisboa, o que fez em 26 de abril de 1821, deixando no Brasil
seu filho mais velho e herdeiro, D. Pedro, como príncipe regente. A permanência de D. Pedro tinha
como objetivo criar na antiga colônia uma autoridade central para controlar as províncias, evitando a
fragmentação do território.
Quem Proclamou a Independência do Brasil?
PARA SABER MAIS –
Texto: A Independência do Brasil. Motivos e processos, disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/independencia-brasil.htm.
Acesso em: 23/04/2020.
Texto: Independência do Brasil: causas e consequências, disponível em:
https://mundoeducacao.
bol.uol.com.br/historiadobrasil/independencia-brasil-1822.htm. Acesso em: 23/04/2020.
ATIVIDADES
ATIVIDADE 1
Reflexões
Quantas independências?
A interpretação sobre a independência do Brasil provocou e ainda provoca muitas divergências. Alguns
historiadores interpretam a Revolução Pernambucana de 1817 como um dos marcos principais do
processo de independência do Brasil. Outros, porém afirmam que esse movimento não teve relação
com a conquista da autonomia brasileira, pois seu projeto era republicano e visava à separação de
algumas províncias do atual Nordeste do Brasil.
A Revolução de 1817 seria uma “outra independência”, nas palavras do historiador Evaldo Cabral de Mello,
sufocada pelo projeto centralista de D. João e continuada por seu filho, D. Pedro. Mas deixou clara a
insatisfação com o papel de metrópole assumido pelo Rio de Janeiro, com a presença da Corte.
Do ponto de vista econômico, alguns pesquisadores defendem que a separação em 1808 com o fim do
monopólio comercial por meio da abertura dos portos ao comércio internacional.
Outros, com interpretações mais políticas, indicam o 7 de setembro de 1822, embora nenhuma medida
formal tenha sido tomada nessa data — tratou-se de um ato simbólico! Depois da Guerra do Paraguai,
jornais republicanos argumentavam que a independência comemorada no 7 de setembro não fez mais
do que manter os brasileiros sob o “odioso poderio da família bragantina”.
1 — No que se refere à independência do Brasil, identifique as duas interpretações sobre o
movimento pernambucano de 1817.
2 — Tome posição nesse debate, expressando e justificando a sua opinião.
ATIVIDADE 2
O que era ser brasileiro em 1922?
O texto a seguir é trecho de um artigo divulgado em um periódico radical, o Revérbero
Constitucional Fluminense, de Joaquim Gonçalves Ledo, líder do grupo brasiliense. Foi publicado
no dia 3 de setembro de 1822.
Ainda nenhum brasileiro disse: eu não quero constituição; nenhum exclamou também:
separemo-nos da Mãe Pátria; mas o capricho de alguns deputados nas Cortes de Lisboa temnos grandemente aproximado de um termo, em que os brasileiros todos gritaremos unânimes:
temos pátria, temos constituição, temos rei e bastante denodo para defendermos a nossa liberdade,
para conservarmos as nossas leis e a nossa política gloriosa de representação nacional.
LEDO, J. G. Revérbero Constitucional Fluminense. n. 15. Rio de Janeiro, 3 set. 1822.
ln: NEVES, Lúcia Maria Bastos P. A “guerra de penas”: os impressos políticos e
a independência do Brasil. Revista Tempo, Niterói: 7Letras, n. 8, ago.1999, p. 10.
• Sobre o texto, responda:
a) Como o artigo se posiciona em relação à separação de Portugal?
b) O que significam as expressões: “eu não quero constituição” e “separemo-nos da Mãe Pátria”?
c) No dicionário da língua portuguesa de Antônio Moraes e Silva, publicado em 1789, o autor assim
define pátria: “a terra donde alguém é natural”. Ou seja, ele resume pátria ao lugar, à terra de
nascimento.
Realmente, pátria (patra, patris) significa, em latim, “terra dos pais”. Mas que terra é essa?
Uma localidade, uma aldeia, uma cidade ou um Estado/país? Podemos considerar que o termo
“pátria” varia conforme o período histórico? Segundo interpretação sociológica, como você
definiria o conceito de pátria nos dias de hoje?
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