2º Ano Ensino Médio - Noturno - Natureza e Cultura
TEMA: LINGUAGEM E SIGNIFICADO: ENTENDENDO NÓS E O MUNDO
FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS (pesquise…):
SEMÂNTICA – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LINGUÍSTICA
Toda linguagem é um sistema de signos. O signo, segundo definição do filósofo Charles Sanders Peirce,
é uma coisa que está no lugar de outra sob algum aspecto. Por exemplo, o choro de uma criança pode
estar no lugar do aviso de desconforto, de fome, de frio ou de dor; ou pode estar no lugar simplesmente
da frustração da criança que não conseguiu o que queria. O choro pode ser signo de todas essas coisas
e, para decifrá-lo adequadamente, precisamos saber o contexto em que ele ocorre e ter familiaridade
com a criança que assim se expressa. [...]
Se o signo está no lugar do objeto, isto é, se o substitui, ele é uma representação do objeto. Um objeto
pode ser representado de várias maneiras, dependendo da relação que existe entre ele e o signo.
Vejamos um exemplo: um galo pode ser representado por uma fotografia, por um desenho, pela palavra
‘galo’, pelo som de seu canto cocoricóóóó. Cada um desses signos (fotografia, desenho, palavra e
cacarejar) mantém uma relação diferente com o objeto galo.
Quando a relação é de semelhança, temos um signo do tipo ícone. O desenho do galo é um ícone quando
apresenta semelhança com ele; a representação do galo por meio de seu canto também é um ícone,
pois tem uma semelhança sonora com o canto da ave.
Se a relação é de causa e efeito, uma relação que afeta a existência do objeto ou é por ela afetada,
temos um signo do tipo índice. A fotografia do galo é um índice de sua existência porque toda
fotografia é resultado da ação da luz refletida por um objeto e captada pela câmera. Ou seja, o objeto
fotografado esteve em frente à câmera no momento em que a fotografia foi feita. Outros exemplos:
a chuva pode ser representada pelo signo indicial nuvem (causa da chuva) ou chão molhado
(consequência da chuva); a fumaça ou o cheiro de queimado são signos indiciais de fogo; os
sinais matemáticos (+, —, x e /), quando colocados ao lado de números, são signos indiciais das
operações que devem ser efetuadas; a febre é signo que indica doença. Todos esses signos indicam
o objeto representado.
Se a relação é arbitrária, regida simplesmente por convenção, temos o símbolo. As palavras são o
melhor exemplo de símbolo, mas há muitos outros: nas culturas ocidentais, o preto é símbolo de luto;
o uso da aliança no dedo anelar da mão esquerda simboliza a condição de casado; o desenho de um
coração simboliza amor, amizade. Esses signos são aceitos pela sociedade como representação dos
objetos luto, casamento e sentimento de amor e mantêm-se por convenção, hábito ou tradição.
Como só o ser humano é capaz de estabelecer signos arbitrários, regidos por convenções sociais,
dizemos que o mundo humano é simbólico.
Precisamente por ser um sistema de signos, toda linguagem possui um repertório, ou seja, uma relação
de signos que a compõem. [...] O repertório das linguagens verbais (ou línguas, como são chamadas)
é bastante amplo e costuma ser relacionado em dicionários. A linguagem musical tonal, para compor
seu repertório, dentre todos os sons possíveis, seleciona alguns, denominados dó, ré, mi, fá, sol, lá, si,
acrescidos de sustenidos ou bemóis, que são semitons.
Além do repertório, também é preciso que se estabeleçam as regras de combinação dos signos. Quais
podemos usar juntos, quais não podemos? Na linguagem do desenho, plano, linha e ponto podem ser
usados como o desenhista quiser. Na linguagem verbal, do ponto de vista semântico, não podemos
combinar signos que tenham sentidos opostos: subir/descer, nascer/morrer, etc. Não podemos dizer
‘Ele subiu descendo as escadas’, mas podemos dizer ‘Ele subiu correndo as escadas’.
Como último passo, a linguagem deve estabelecer as regras de uso dos signos. Em que ocasiões
devemos usar o pronome tu e o vós? Devemos vestir as crianças de preto, em ocasiões de luto?
Só quando conhecemos o repertório de signos, as regras de combinação e as regras de uso desses
signos é que podemos dizer que dominamos uma linguagem.
(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 55-56)
ATIVIDADES
1 — Por que se pode dizer que a aquisição da linguagem é a senha de entrada no mundo humano?
(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 65)
2 — Por que são criadas linguagens de diferentes tipos? Para que elas servem? (Ibidem)
3 — Cite algumas regras de combinação da língua portuguesa: regras da escrita e regras de
concordância. (Ibidem)
4 — Qual a relação entre as regras de uso de uma língua e a cultura na qual ela é usada? (Ibidem)
5 — Estude um pouquinho de gramática da língua portuguesa e – se possível – pesquise sobre os cinco
parâmetros da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Depois, dê mais um pulinho aqui nessa matéria
de Filosofia e tente compreender melhor as principais semelhanças e diferenças entre a língua
portuguesa e a Libras. Redija um texto com suas considerações sobre o assunto (caso não consiga
fazer a pesquisa, reflita sobre o assunto a partir de seus conhecimentos e suas indagações... Daí
também pode surgir uma boa produção de texto!).
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