3º Ano Ensino Médio - Noturno - Os Valores: Ser e Dever Ser.

TEMA: MAQUIAVEL 

FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS (pesquise…): 

CIÊNCIA POLÍTICA – FILOSOFIA POLÍTICA – REALISMO – TIRANIA

“Maquiavel subverteu a abordagem tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais, e por isso é considerado o fundador da ciência política, ao enveredar por novos caminhos ‘ainda não trilhados’, como ele mesmo diz. 

Pode-se dizer que a política de Maquiavel é realista, ao se basear em ‘como o homem age de fato’. A observação das ações dos governantes seus contemporâneos e dos tempos antigos, sobretudo de Roma, leva-o à constatação de que eles sempre agiram pelas vias da corrupção e da violência. Partindo do pressuposto de que a natureza humana é capaz do mal e do erro, analisa a ação política sem se preocupar em ocultar ‘o que se faz e não se costuma dizer’. 

A esse realismo alia-se a tendência utilitarista, pela qual Maquiavel desenvolve uma teoria voltada para a ação eficaz e imediata. Para ele, a ciência política só tem sentido se propiciar o melhor exercício da arte política. Trata-se do começo da ciência política: da teoria e da técnica da política, entendida como disciplina autônoma, porque desvinculada da ética pessoal e da religião, além de ser examinada na sua especificidade própria. 

Para Maquiavel, a moral política distingue-se da moral privada, uma vez que a ação política deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas e tendo em vista os resultados alcançados na busca do bem comum. Com isso, Maquiavel distancia-se da política normativa dos gregos e medievais, porque não busca as normas que definem o bom regime, nem explicita quais devem ser as virtudes do bom governante. Em alguns casos, como o de Platão, a preocupação em definir como deve ser o bom governo levou à construção de utopias, o que merece a crítica de Maquiavel. 

A nova ética analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada a priori, mas sim em vista das consequências, dos resultados da ação política. Não se trata de amoralismo, mas de uma nova moral centrada nos critérios da avaliação do que é útil à comunidade: se o que define a moral é o bem da comunidade, constitui dever do príncipe manter-se no poder a qualquer custo, por isso às vezes pode ser legítimo o recurso ao mal — o emprego da força coercitiva do Estado, a guerra, a prática da espionagem e o método da violência. [...] 

Essas ponderações poderiam levar as pessoas a considerar que Maquiavel defende o político imoral, os corruptos e os tiranos. Não se trata disso. A leitura maquiaveliana sugere a superação dos escrúpulos imobilistas da moral individual, mas não rejeita a moral própria da ação política.

Para Maquiavel, a moral não deve orientar a ação política, segundo normas gerais e abstratas, mas a partir do exame de uma situação específica e em função do resultado dela, já que toda ação política visa à sobrevivência do grupo e não apenas de indivíduos isolados. Na nova perspectiva, para fazer política é preciso compreender o sistema de forças existentes de fato e calcular a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação nesse sistema: como vimos, o desafio está em compreender bem a relação fortuna-virtù. 

[...] Especificamente, fortuna significa ocasião, acaso, sorte. Para agir bem, o príncipe não deve deixar escapar a ocasião oportuna. De nada adiantaria ser virtuoso, se o príncipe não soubesse ser precavido ou ousado e aguardar a ocasião propícia, aproveitando o acaso ou a sorte das circunstâncias, como observador atento do curso da história. No entanto, a fortuna de pouco serve sem a virtù, pois pode transformar-se em mero oportunismo. Por isso Maquiavel distingue entre o príncipe de virtù, que é forçado pela necessidade a usar da violência visando ao bem coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse próprio.” 
(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 300-301) 

ATIVIDADES

1 — Por que o termo “maquiavélico” não se aplica a Maquiavel? (Aí você me diz: “A resposta não tá no texto, ‘fessor’ ...” – Amiguinhos: deem uma olhadinha nas referências bibliográficas e no áudio indicado logo abaixo que vai ficar tudo em paz...”) 

2 — (ENEM 2013) “Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responda-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, de uma maneira geral, que são ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ávidos de lucro, e quanto lhes fazem bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revolta-se.” 

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.). A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sócias e políticas, Maquiavel define o homem como um ser: 

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