3º Ano Ensino Médio - Noturno - Política, Participação e Direitos Humanos.

POR QUE A MÍDIA É CONSIDERADA O QUARTO PODER: CORONELISMO, ANTENA E VOTO: 

A APROPRIAÇÃO POLÍTICA DAS EMISSORAS DE RÁDIO E TV 

“Mais sofisticado, sutil e ainda mais perverso”, na opinião do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca é o “moderno” fenômeno do coronelismo eletrônico, ou seja, o uso de canais de comunicação de radiodifusão para atender a interesses políticos – prática que perdura nos tempos digitais. Suas origens estão no autoritarismo coronelista de décadas passadas e a prática política traz inúmeras semelhanças com seus modelos de concentração de propriedade. Só que, em vez do poder sobre as terras, o controle agora também alcança as ondas do rádio e da TV. 

No início da década de 1980, um repórter da Rádio Rural, de Concórdia (SC), abria espaço para o depoimento do ex-senador Atílio Fontana: “Senador, o microfone é todo seu”. O senador, ciente de suas propriedades, disse a quem quisesse ouvir: “Não só o microfone, meu rapaz, mas a rádio toda”. Este episódio foi narrado em matéria do Jornal do Brasil que, naquela época, já denunciava o uso eleitoreiro de 104 estações de rádio e televisão, espalhadas por 16 estados, de propriedade de deputados, governadores, senadores ou ministros. 

O impacto desta prática nos processos eleitorais e na configuração das representações das instituições também é significativo. O rádio e, principalmente, a televisão continuam sendo os meios de comunicação de massa de maior alcance na população. A última PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) mostrou que 97,2% das residências possuem pelo menos um aparelho de televisão e 75,7%, um de rádio. A esses meios de comunicação cabe o papel de dar expressão às demandas e à diversidade da sociedade em todos os seus aspectos, mas também de fiscalizar os poderes públicos e a iniciativa privada. É também por meio de uma mídia livre que se estabelece a ligação e o controle entre representantes e representados, como princípio fundamental para o ambiente democrático. Por isso, a Constituição Federal garante o direito de acesso à informação aos cidadãos e, em conjunto, a liberdade de imprensa. 

Num quadro em que um meio de comunicação de massa, que deveria cumprir uma função pública, é controlado por um político, que pode influenciar sua linha editorial, a autonomia e independência deste veículo para exercer o controle sobre o poder público estão totalmente comprometidas. Ao mesmo tempo, o proprietário do veículo passa a ter o poder de filtrar e restringir informações e conteúdos a serem divulgados, na medida de seus interesses e de seus correligionários, numa prática de autopromoção. Fica caracterizado, assim, um claro desequilíbrio nos princípios de igualdade dos processos eleitorais, numa situação que pode configurar até mesmo a violação de eleições livres, com candidatos e partidos em condições totalmente desiguais de disputa. 

Compreendendo o risco para a democracia brasileira do controle de serviços públicos, como a radiodifusão, por políticos, a Constituição Federal, em seu artigo 54, proíbe que deputados e senadores sejam proprietários ou diretores de empresas concessionárias de serviço público ou exerçam cargo ou emprego remunerado nesses espaços privados. A medida vem sendo respeitada para diversos serviços, mas segue ignorada no caso do rádio e da televisão (como veremos nas demais reportagens desta série). 

* Carlos Gustavo Yoda é jornalista e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Fonte: http://foracoroneisdamidia.com.br/?p=133 

CULTURA DE MASSA E INDÚSTRIA CULTURAL, NOVAS TECNOLOGIAS E IDENTIDADE 

A expressão ‘cultura de massa’, posteriormente trocada por ‘indústria cultural’, é aquela criada com um objetivo específico, atingir a massa popular, maioria no interior de uma população, transpondo, assim, toda e qualquer diferença de natureza social, étnica, etária, sexual, etc. Todo esse conteúdo é difundido por meio dos veículos de comunicação de massa.

Os filósofos alemães da  Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer, foram os responsáveis pela criação do termo ‘Indústria Cultural’. Estes pensadores presumiram a forma negativa como a recém-criada mídia seria utilizada durante a  Segunda Guerra Mundial. Ambos eram de etnia judia, portanto sofreram perseguição dos  nazistas  e, para fugir deste contexto, partiram para os EUA. 

Antes do surgimento da cultura de massa, havia diversas configurações culturais — a popular, em contraposição à erudita; a nacional, que “atava”, “imaginava”, “tecia” e "traçava” a identidade de uma população; a cultura no sentido geral, definida como um agrupamento histórico de valores estéticos e morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas identidades populares. 

Mas, a partir da segunda revolução industrial, no século XIX e do predomínio das regras do mercado capitalista, as artes, a cultura e a mídia foram submetidas à ideologia da indústria cultural. Com o nascimento do século XX e, com ele, dos novos meios de comunicação, estas modalidades culturais ficaram completamente submergidas sob o domínio da cultura de massa. Veículos como o cinema, o rádio e a televisão, ganharam notório destaque e se dedicaram, em grande parte, a homogeneizar os padrões da cultura. Não se pode falar em indústria cultural e sua consequência, a cultura de massa, em um período anterior ao da revolução Industrial, do surgimento de uma economia de mercado, uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de consumo, segunda parte do século XIX e início do século XX. Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa). 

Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga escala, de alcance internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao poderoso capitalismo industrial e financeiro. A serviço deste sistema, ela oprime incessantemente as demais culturas, valorizando tão somente os gostos culturais da massa. Os produtos de criação da cultura dos homens foram subordinados ao consumo, assim como os produtos fabricados em série nas grandes fábricas. A chegada da cultura de massa acaba submetendo as demais expressões “culturais” a um projeto comum e homogêneo. 

De acordo com Oliveira e Costa (2005), o filósofo alemão Walter Benjamin afirmava que as artes e a cultura perderam sua autenticidade, seu caráter único, irrepetível, ou a beleza duradoura, que ele chamou de aura, de expressivas passaram a reprodutivas e repetitivas. De criação do belo, tornaram-se eventos de consumo, e, por conseguinte de experimento de novidade, tornaram-se consagração da moda. Ainda segundo estes autores, a indústria cultural massifica a cultura e as artes para o consumo rápido no mercado da moda e na mídia. Massificar é banalizar as artes e a produção de ideias. 

“A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzí-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar. Fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez.” 

E deste modo, temos os realities shows, os programas que exploram a vida difícil de moradores da periferia dando-lhes a esperança de saltar da favela à zona nobre da cidade rapidamente, transformando jovens em “princesas”, os comerciais que tentam nos vender produtos inúteis e sem qualidade mas com ótima produção do marketing para nos convencer de que comprá-lo mudará nossas vidas, as revistas de fofocas etc. 

Para Oliveira e Costa (2005) a expressão máxima da indústria cultural são os meios de comunicação, de massa, ou mídia escrita ou eletrônica, e destacam o poder da mídia enquanto manipulação, formação de opinião, infantilização e condicionamento das mentes e produção cultural do grotesco para despolitização. Segundo estes autores, essas características da mídia se expressam de forma mais acentuada através da TV, rádio, jornais e revistas, que estão ao alcance de uma parcela maior da população. 

A dominação estabelece-se através da detenção do meio de comunicação e do aperfeiçoamento da sua tecnologia. Para além da orientação conceitual daquilo que se designa por massa, outras considerações conceituais podem ser feitas: ou massa num sentido de opacidade; ou massa num sentido de solidez ou coesão. Num sentido crítico ou utilitário do poder com os apelos desta indústria, personificados principalmente na esfera publicitária, principalmente aquela que se devota sem pudor ao sensacionalismo, é quase impossível resistir aos sabores visuais da avalanche de imagens e símbolos que inundam a mente humana o tempo todo. Este é o motor que move as engrenagens da indústria cultural e aliena as mentalidades despreparadas.

ATIVIDADES

1 — Explique o que é cultura de massas. 

2 — Explique o conceito de Indústria cultural. 

3 — Como surge a Indústria Cultural? 

4 — Como a Indústria Cultural influencia sua vida e seus hábitos de consumo? 

5 — Diferencie cultura popular e cultura erudita. 

6 — Dê exemplos de representantes da cultura popular e da cultura erudita. 

Proposta de Redação (

Após estudar os conteúdos acima, escreva um texto argumentativo e dissertativo que tenha como tema: “Consumo Consciente × Consumismo — como promover a responsabilidade social frente ao meio ambiente nessa e nas futuras gerações?”. Lembre-se que no caso do ENEM a redação é composta por uma frase-tema, geralmente de um problema atual da sociedade brasileira e cobra dos participantes uma proposta de intervenção. O texto deve ser escrito em até 30 linhas e na forma de dissertação argumentativa. Busque escrever um texto objetivo e que relacione os argumentos e dados obtidos com a leitura dos textos contidos nesse plano de estudos. Boa escrita!

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