3º Ano Ensino Médio - Noturno - Tipos de Conhecimento: A Emergência da Filosofia

TEMA: SÓCRATES 


FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS (pesquise…): 
EPISTEMOLOGIA — IRONIA SOCRÁTICA — MAIÊUTICA — DIALÉTICA

“Os filósofos da Antiguidade e da Idade Média interessaram-se por questões relativas ao conhecimento, embora ainda não se tratasse propriamente de uma teoria do conhecimento como disciplina independente. Com exceção dos céticos, esses filósofos não colocaram em dúvida a capacidade humana de conhecer: eles explicavam como conhecemos. A crítica do conhecimento só começaria na Idade Moderna, com Descartes. [...] 

Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por Xenofonte e Platão, dois de seus discípulos. Nos diálogos de Platão, Sócrates sempre figura como o principal interlocutor. Já o comediógrafo Aristófanes o ridiculariza ao incluí-lo entre os sofistas

Sócrates costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos. A partir do pressuposto ‘só sei que nada sei’, que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, inicia a busca do saber. Os métodos de indagação de Sócrates provocaram os poderosos do seu tempo, que o levaram ao tribunal sob a acusação de não crer nos deuses da cidade e de corromper a mocidade. Por essa razão foi condenado à morte. 

Qual é, porém, o ‘perigo’ de seu método? Ele começa pela fase ‘destrutiva’, a ironia, termo que em grego significa ‘perguntar, fingindo ignorar’. Diante do oponente, que se diz conhecedor de determinado assunto, Sócrates afirma inicialmente nada saber. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas até que o outro reconheça a própria ignorância (ou desista da discussão). 

A segunda etapa do método, a maiêutica (em grego, ‘parto’), foi assim denominada em homenagem à sua mãe, que era parteira. Segundo Sócrates, enquanto ela fazia parto de corpos, ele ‘dava à luz’ ideias novas. Após destruir o saber meramente opinativo (a dóxa), em diálogo com seu interlocutor, dava início à procura da definição do conceito, de modo que o conhecimento saísse ‘de dentro’ de cada um. Esse processo está bem ilustrado nos diálogos de Platão, e é bom lembrar que, no final, nem sempre se chegava a uma conclusão definitiva: são os chamados diálogos aporéticos

Nas conversas, Sócrates privilegia as questões morais, por isso em muitos diálogos pergunta o que é a coragem, a covardia, a piedade, a amizade e assim por diante. Tomemos o exemplo da justiça: após serem enumeradas as diversas expressões de justiça, Sócrates quer saber o que é a ‘justiça em si’, o universal que a representa. Desse modo, a filosofia nascente precisa inventar palavras novas ou usar as do cotidiano, dando-lhes sentido diferente. Sócrates utiliza o termo logos (na linguagem comum, ‘palavra’, ‘conversa’), que passa a significar a razão de algo, ou seja, aquilo que faz com que a justiça seja justiça. 

No diálogo Laques, ou Do valor, os generais Laques e Nícias são convidados a discorrer sobre a importância do ensino de esgrima na formação dos jovens. Sócrates reorienta a discussão ao indagar a respeito de conceitos que antecedem essa discussão, ou seja, o que se entende por educação e, em seguida, sobre o que é virtude. Dentre as virtudes, Sócrates escolhe uma delas e indaga: ‘O que é a coragem?’. Laques acha fácil responder: ‘Aquele que enfrenta o inimigo e não foge no campo de batalha é o homem corajoso’. Sócrates dá exemplos de guerreiros cuja tática consiste em recuar e forçar o inimigo a uma posição desvantajosa, mas nem por isso deixam de ser corajosos. Cita outros tipos de coragem que ultrapassam os atos de guerra, como a coragem dos marinheiros, dos que enfrentam a doença ou os perigos da política e dos que resistem aos impulsos das paixões. Enfim, o que Sócrates procura não são exemplos de casos corajosos, mas o conceito de coragem.” 

(ARANHA, M.L.A. & MARTINS, M.H.P., 2009, p. 152-153)

ATIVIDADES

1 — (UFMG) Leia este trecho: “ [...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força.” 
(SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 2.) 

Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos sobre o assunto, redija um texto destacando duas características da atitude filosófica. 

2 — Leia a “Alegoria da Caverna” de Platão (aqui tem: https://tinyurl.com/yz3ynq5), pesquise e reflita sobre o que é o conhecimento, qual a nossa relação com a verdade e o que nos leva a querer saber e fazer aquilo que consideramos certo (enfim, o que é alguma coisa “certa” pra nós? — Tenso, né?). Tente organizar um texto explicando as suas considerações sobre essa questão.

3 — Assista ao vídeo REVISÃO ENEM — Série pensadores: SÓCRATES (Filosofia é a Mãe).


a) Qual a relação da filosofia com a educação e a formação humana? 

b) Quais as principais características das atitudes filosóficas de Sócrates? 

c) Por que atitudes como as de Sócrates são fundamentais para a construção de uma vida individual e coletiva saudáveis? “Justifique sua resposta a partir das ideias apresentadas no vídeo.

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