1º Ano Ensino Médio - Noturno - Diversidades e desigualdades na sociedade contemporânea.
SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADE DE GÊNERO
“Não se nasce mulher, torna-se mulher” — Simone de Beauvoir
“Um caminho dentro da Sociologia para se analisar “as origens das diferenças de gênero é estudar a
socialização do gênero, a aprendizagem de papéis do gênero com o auxílio de organismos sociais, como
a família e a mídia. Essa abordagem faz distinção entre sexo biológico e gênero social — uma criança nasce
com o primeiro e desenvolve o segundo. Pelo contato com vários organismos sociais, tanto primários
como secundários, as crianças internalizam gradualmente as normas e as expectativas sociais que
são percebidas como correspondentes ao seu sexo. As diferenças de gênero não são biologicamente
determinadas, são culturalmente produzidas. De acordo com essa visão, as desigualdades de gênero
surgem porque homens e mulheres são socializados em papéis diferentes.” Na socialização do gênero
“meninos e meninas são guiados por “sanções” positivas e negativas, forças socialmente aplicadas
que recompensam ou restringem o comportamento. Por exemplo, um menino poderia ser sancionado
positivamente em seu comportamento (“Que menino valente você é!”), ou ser alvo de sanções negativas
(“Meninos não brincam com bonecas”). Essas afirmações positivas e negativas ajudam meninos e
meninas a aprender os papéis sociais esperados e a adequar-se a eles.”
“As influências sociais na identidade de gênero fluem por meio de diversos canais;” …
“Estudos sobre as interações entre pais e filhos, por exemplo, mostram diferenças distintas no
tratamento de meninos e meninas, mesmo quando os pais acreditam que suas reações para ambos
sejam iguais. Os brinquedos, os livros ilustrados e os programas de televisão experienciados por crianças
tendem a enfatizar diferenças entre os atributos masculinos e femininos. Embora a situação, de alguma
forma, esteja mudando, os personagens masculinos em geral superam em número os femininos na maior
parte dos livros infantis, contos de fadas, programas de televisão e filmes. Os personagens masculinos
tendem a representar papéis mais ativos e aventurosos, enquanto os femininos são retratados passivos,
esperançosos e voltados à vida doméstica. Pesquisadoras feministas demonstraram como produtos
culturais e de mídia, comercializados para audiências jovens, encarnam atitudes tradicionais para com
o gênero e os tipos de objetivos e ambições esperados em meninos e meninas.”
Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br
Desigualdades de gênero — Conceitos básicos
O sexo biológico se refere a diferenças físicas e biológicas entre os membros do sexo masculino e do
feminino. Gênero, por outro lado, é um conceito social. É um termo que se refere aos aspectos culturais
e sociais associados ao fato de se pertencer ao sexo masculino ou feminino.
A manifestação social da identidade de gênero de acordo com as expectativas culturais e sociais
constitui o papel social de gênero, que se refere a forma como a sociedade espera que uma pessoa
se comporte pelo fato de pertencer ao sexo masculino ou feminino, determina por exemplo, como
homens e mulheres devem se vestir, pensar, falar e interagir e refletem os valores da sociedade e são
transmitidos de geração em geração.
As posturas para o comportamento sexual não são uniformes entre as sociedades do mundo.
No século XIX, os pressupostos religiosos sobre a sexualidade foram substituídos em parte por visões
médicas. Observa-se uma transição nas sociedades ocidentais para um posicionamento mais liberal
sobre a sexualidade, com a liberação da sexualidade especialmente a partir da década de 1960.
Falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua
cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem
ou ser mulher. O gênero é uma forma significativa de estratificação social. As desigualdades de gênero
ocorrem porque os homens e as mulheres são socializados para papéis diferentes; são orientados
nesse processo por sanções positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou
limitam o comportamento.
Processo de socialização
A socialização designa o processo que introduz uma pessoa à sua cultura e na qual aprende a viver
em sociedade e a decodificar as formas de fazer, de agir, de pensar e de sentir do seu ambiente social
e cultural. (Rocher, 1968) Deste modo através do processo de socialização a pessoa constrói a sua
identidade social e interioriza as normas, os valores e os saberes que lhe permitem entrar em relação
com os outros e de funcionar no seio de um grupo, na sociedade.
Mudanças sociais na vida das mulheres
Evidentemente, a presença de uma fala feminina em locais que lhes eram até então proibidos, ou
pouco familiares, é uma inovação do século XIX que muda o mundo moderno. Contudo ainda existem
muitas esferas em que a desigualdade é grande.
Contextualizando a violência contra as mulheres no Brasil
As mulheres sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta dentro de seus próprios
lares, na grande parte das vezes praticado por seus companheiros e familiares. O fenômeno da
violência doméstica e sexual praticado contra mulheres constitui uma das principais formas de
violação dos Direitos Humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física.
Políticas de segurança para as mulheres
As políticas públicas podem ser aplicadas em forma de programas, ações, campanhas, serviços,
leis e diversas outras atividades desenvolvidas pelos governos (federal, estadual ou municipal), com a
participação de entes públicos ou privados. Essas ações têm como objetivo assegurar determinados
direitos à população, de forma difusa ou focada especificamente em algum segmento social, cultural,
étnico ou econômico. Trata de direitos garantidos constitucionalmente ou publicamente reconhecidos
por sua necessidade.
Fonte: Políticas Públicas: conceitos e práticas. SEBRAE, 2008.
HOMOFOBIA
Homofobia é o termo utilizado para designar uma espécie de medo irracional diante da
homossexualidade ou da pessoa homossexual, colocando este em posição de inferioridade e utilizandose, muitas vezes, para isso, de violência física e/ou verbal. A palavra homofobia significa a repulsa ou
o preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual. Esse termo teria sido utilizado pela
primeira vez nos Estados Unidos em meados dos anos 70 e, a partir dos anos 90, teria sido difundido
ao redor do mundo. A palavra fobia denomina uma espécie de “medo irracional”, e o fato de ter sido
empregada nesse sentido é motivo de discussão ainda entre alguns teóricos com relação ao emprego
do termo. Assim, entende-se que não se deve resumir o conceito a esse significado. ,
Podemos entender a homofobia, assim como as outras formas de preconceito, como uma atitude
de colocar a outra pessoa, no caso, o homossexual, na condição de inferioridade, de anormalidade,
baseada no domínio da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como padrão, norma. A
homofobia é a expressão do que podemos chamar de hierarquização das sexualidades. Todavia, deve-se
compreender a legitimidade da forma homossexual de expressão da sexualidade humana. No decorrer
da história, inúmeras denominações foram usadas para identificar a homossexualidade, refletindo o
caráter preconceituoso das sociedades que cunharam determinados termos, como: pecado mortal,
perversão sexual, aberração.
Outro componente da homofobia é a projeção. Para a psicologia, a projeção é um mecanismo de
defesa dos seres humanos, que coloca tudo aquilo que ameaça o ser humano como sendo algo externo
a ele. Assim, o mal é sempre algo que está fora do sujeito e ainda, diferente daqueles com os quais se
identifica. Por exemplo, por muitos anos, acreditou-se que a AIDS era uma doença que contaminava
exclusivamente homossexuais. Dessa forma, o “aidético” era aquele que tinha relações homossexuais.
Assim, as pessoas podiam se sentir protegidas, uma vez que o mal da AIDS não chegaria até elas
(heterossexuais). A questão da AIDS é pouco discutida, mantendo confusões, como essa, em vigor
e sustentando ideias infundadas. Algumas pesquisas apontam ainda para o medo que o homofóbico
tem de se sentir atraído por alguém do mesmo sexo. Nesse sentido, o desejo é projetado para fora e
rejeitado, a partir de ações homofóbicas.
Assim, podemos entender a complexidade do fenômeno da homofobia que compreende desde
as conhecidas “piadas” para ridicularizar até ações como violência e assassinato. A homofobia
implica ainda numa visão patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias
e tentativas de “cura”. A questão não se resume aos indivíduos homossexuais, ou seja, a homofobia
compreende também questões da esfera pública, como a luta por direitos. Muitos comportamentos
homofóbicos surgem justamente do medo da equivalência de direitos entre homo e heterossexuais,
uma vez que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia sexual estabelecida,
como discutimos.
Podemos entender então que a homofobia compreende duas dimensões fundamentais: de um lado
a questão afetiva, de uma rejeição ao homossexual; de outro, a dimensão cultural que destaca a questão
cognitiva, onde o objeto do preconceito é a homossexualidade como fenômeno, e não o homossexual
enquanto indivíduo.
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da união estável entre pessoas
do mesmo sexo no Brasil. A decisão retomou discussões acerca dos direitos da homossexualidade,
além de colocar a questão da homofobia em pauta. Apesar das conquistas no campo dos direitos, a
homossexualidade ainda enfrenta preconceitos. O reconhecimento legal da união homoafetiva não
foi capaz de acabar com a homofobia, nem protegeu inúmeros homossexuais de serem rechaçados,
muitas vezes de forma violenta.
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/homofobia.htm
ATIVIDADES
Questões para análise.
1 — Quais as principais mudanças na vida social das mulheres na modernidade?
2 — Cite formas de reprodução das desigualdades de gênero.
3 — Como combater as desigualdades de gênero no Brasil?
4 — Como combater a violência doméstica?
5 — Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal
da língua portuguesa sobre o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista. (25 linhas)
INSTRUÇÕES: A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do
Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: tiver até
7 (sete) linhas escritas, fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos; ou apresentar parte
do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
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