1º Ano Ensino Médio - Noturno - Mutações no mundo natural.

TEMA: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS 

Caro(a) estudante! Nessa semana você vai reconhecer os principais domínios morfoclimáticos brasileiros (Domínio Amazônico, do Cerrado, da Caatinga, dos Mares de Morros, da Araucária e das Pradarias), além das áreas de transição (Pantanal, Mata de Cocais e Mangues), identificando suas características naturais, bem como seu uso e ocupação. 

FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS… 

Os domínios naturais correspondem às grandes paisagens naturais do Brasil, também chamadas de domínios morfoclimáticos, conforme os conceitos estabelecidos pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber. Cada um desses domínios é resultado da integração entre os diferentes elementos naturais, como as formas de relevo, os tipos de vegetação e de solo, as condições climáticas e a hidrografia, e suas características particulares em cada porção do território brasileiro. Entre os grandes domínios naturais Ab’Sáber identifica faixas de transição não diferenciadas, marcadas pelas combinações variadas dos elementos característicos dos domínios contíguos. Assim, numa faixa de transição entre dois domínios, é possível observar espécies vegetais e condições climáticas de ambos. 

Domínio Amazônico: É o mais extenso dos domínios naturais do país, caracterizado pelas terras baixas, o que inclui, além da planície do Rio Amazonas, as depressões e os planaltos rebaixados que a delimitam; pelo predomínio do clima equatorial, que apresenta temperaturas elevadas e pequena amplitude térmica durante o ano e altos índices pluviométricos; e pela floresta equatorial amazônica, formação vegetal densa e bastante diversificada que constituiu um dos ecossistemas mais ricos do planeta. A bacia hidrográfica Amazônica é o maior do mundo, e o Rio Amazonas, além de ser o mais extenso, é também o rio com maior vazão d’água da Terra. O desmatamento para exploração da madeira ou em função do avanço da fronteira agropecuária do país já consumiu extensas áreas de floresta, principalmente em Rondônia, Mato Grosso, sul e sudeste do Pará, Tocantins e Maranhão, configurando o que é chamado de “arco do desmatamento”. Nestas áreas, a floresta vem cedendo espaço a pastagens, cultivos como a soja ou terras improdutivas. Outra ameaça é a exploração dos recursos minerais. Além dos grandes projetos como Carajás e Trombetas, inúmeros garimpos contribuem para a derrubada da floresta e para o assoreamento e contaminação dos rios por materiais tóxicos, como o mercúrio. 

Domínio do Cerrado: Se estende pelas chapadas e planaltos do Brasil Central, nas áreas de clima tropical típico com duas estações bem marcadas: inverno seco e verão úmido. O cerrado também aparece em manchas isoladas no oeste de São Paulo e em áreas da Amazônia. A vegetação do cerrado é uma combinação de formações rasteiras e arbustivas com espécies arbóreas de pequeno porte. As árvores e os arbustos apresentam galho e troncos retorcidos, raízes profundas e casca grossa, que constitui elemento fundamental para a regeneração de muitas espécies após incêndios, comuns nestas áreas. Estima-se que o cerrado abriga cerca de 5% da biodiversidade do planeta. Além disso, mais da metade das suas espécies vegetais arbóreas e arbustivas são endêmicas, ou seja, restritas àquela área. No conjunto da vegetação do cerrado é possível distinguir os campos limpos, campos sujos, campo cerrado e cerradão. Após a construção de Brasília intensificou-se a ocupação e o aproveitamento econômico do cerrado, favorecido pela abertura de estradas ligando a região Centro-Oeste às demais regiões do país. As técnicas de correção e melhoria dos solos permitiram uma rápida expansão das monoculturas mecanizadas de soja e de algodão, o que provocou o desaparecimento de quase dois terços da área original do Cerrado.

Domínio da Caatinga: O clima semiárido, predomina ao longo da depressão sertaneja do Vale do Rio São Francisco, com médias térmicas elevadas e pluviosidade baixa e irregular. O pequeno volume de chuvas resulta em solos pouco desenvolvidos e pedregosos, além de contribuir para a presença de rios intermitentes. A vegetação é uma associação de espécies arbustivas, rasteiras e xerófitas adaptadas às condições do solo e do clima. Representa um dos biomas mais afetados pela ocupação e expansão econômica nas últimas décadas. Entre as ameaças verificadas destacam-se a expansão da agropecuária e a extração de lenha para a produção de carvão vegetal. Duas consequências visíveis do desmatamento e do uso de técnicas agrícolas inadequadas são a salinização do solo e a tendência à desertificação. 

Domínio dos Mares de Morros: Se estende pelos planaltos interiores do Sudeste e pelas encostas atlânticas úmidas. É a área de ocorrência da floresta tropical, Mata Atlântica. Sua forma de relevo mais característica são os morros arredondados resultantes do intemperismo sobre as estruturas cristalinas dos planaltos e serras do Atlântico. A floresta tropical ocupava quase a totalidade da área desse domínio, entre os estados litorâneos da porção oriental do país e faixas mais úmidas interiores. Estima-se que a Mata Atlântica abriga cerca de 25% das espécies vegetais do planeta. Desde o período colonial a região teve ocupação e exploração econômica intensa. Ainda no séc. XVI, a exploração de pau-brasil provocou o primeiro grande desmatamento no território brasileiro, que continuou nos séculos seguintes com a expansão dos canaviais no litoral e os cafezais no interior. A urbanização é um outro fator que explica a retirada da vegetação nativa, restando hoje apenas 10% da vegetação original. 

Domínio das Pradarias: O menor dos domínios naturais do país em área ocupa o extremo sul do território, numa região conhecida como Campanha Gaúcha. Suas principais características são a cobertura vegetal de campos ou pradarias, e o relevo de colinas suavemente onduladas, chamadas “coxilhas”. O clima predominante é o subtropical. No séc. XVIII, os colonos luso-brasileiros já praticavam a pecuária extensiva na região. Nas últimas décadas, culturas mecanizadas de soja e trigo passaram a ocupar espaços cada vez mais significativos. A pressão das atividades econômicas em áreas de solos arenosos e suscetíveis à erosão tem provocado a formação de areais que substituem campos e cultivos em muitas áreas. 

Domínio das Araucárias: Ocupa os planaltos interiores da região Sul do Brasil, nas áreas de clima subtropical, que apresenta as médias mais baixas do país e grande amplitude térmica, fatores limitantes para a biodiversidade deste domínio. A Araucária, espécie de conífera, também é encontrada nas porções mais elevadas dos planaltos da região sudeste, onde ocorre clima tropical de altitude. Formação vegetal mais homogênea do que as florestas tropicais, a mata de araucária abriga espécies como a imbuia, e muitas vezes, ocorre associada a área de campos. De acordo com o IBAMA, restam cerca de 4% da área original da mata de araucária. A devastação foi relativamente rápida, associada à exploração da madeira, o pinho, a partir do século XX, com a chegada dos colonos europeus à região, e, posteriormente, ao intenso desenvolvimento da agricultura nos férteis planaltos de terra roxa do sul do país. 

Faixas de transição: São paisagens de exceção que surgem como corredores entre os domínios, misturando características daquelas que o cercam, ou mesmo possuindo aspectos muito diferentes dos domínios ao redor. 

Pantanal: É uma extensa planície inundável localizada entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e sua vegetação é bastante variada. Formações de campos recobrem boa parte da planície quando as águas baixam durante o inverno, a estação seca. Nas áreas mais elevadas predomina o cerrado e junto às margens dos rios, formam-se matas de galeria, corredores de florestas tropicais. Durante o verão as chuvas provocam inundações de aproximadamente 80% da planície. 
As principais ameaças ao Pantanal são a caça e pesca ilegais, a extração mineral, a pecuária extensiva e a agricultura moderna que vem se expandindo fora da planície, mas causando assoreamento e contaminação dos rios. 

Mata de Cocais: ocorre na área de transição entre os domínios amazônico, cerrado e a caatinga, particularmente no Meio-Norte nordestino, entre os estados do Maranhão e do Piauí, embora se estenda por trechos do Ceará e Rio Grande do Norte. Predominam espécies de palmeiras como o babaçu, a carnaúba e o buriti, que é a maior palmeira nativa do Brasil. O clima é semiúmido. O aproveitamento econômico dos Cocais é bastante tradicional, e muitas comunidades estão organizadas em função do extrativismo vegetal. 

Manguezais: Estendem-se pelas áreas protegidas da costa brasileira — baías e estuários — entre o Amapá e Santa Catarina. Característicos das planícies litorâneas sujeitas às oscilações das marés, onde se misturam a água doce dos rios e a água salgada do mar, os manguezais possuem solo lodoso rico em sedimentos e matéria orgânica, mas pobre em oxigênio. Estas características exigem mecanismos de adaptação das espécies vegetais do mangue como raízes que retiram oxigênio do ar (pneumatóforos) ou que partem do tronco para auxiliar a sustentação. Os manguezais têm grande importância ecológica, servindo de área de reprodução e/ou alimentação para inúmeras espécies do mar e do continente, desempenhando um papel fundamental na cadeia alimentar. Os manguezais sofrem ameaça de degradação devido ao lançamento de esgoto, a expansão das áreas urbanas, os empreendimentos turísticos e as instalações portuárias, além do crescimento da criação de camarões (carcinicultura), principalmente, no Ceará e na Bahia.

ATIVIDADES

1 — Responda as questões abaixo: 
a) Que fatores contribuem para a distribuição da vegetação na superfície terrestre? 

b) A biodiversidade brasileira é tão grande quanto o nosso território. Quais os principais motivos para tanta diversidade? 

c) De todos os domínios morfoclimáticos apresentados, qual possui a maior diversidade? Porque? 

2 — Leia o trecho abaixo e responda as questões: “Pantanal: estende-se, no território brasileiro, por 140 mil km2 dos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, em planícies sujeitas a inundações. No Pantanal há vegetação rasteira, floresta tropical e mesmo vegetação típica do cerrado nas regiões de maior altitude. O Pantanal, portanto, não é uma formação vegetal, mas um complexo que agrupa várias formações e que também abriga fauna muito rica. Esse bioma vem sofrendo diversos problemas ambientais, decorrentes principalmente da ocupação em regiões mais altas, onde nasce a maioria dos rios. (...)” 
Sene, E. de., Moreira, J. C. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização — São Paulo: Scipione, 2013. 

O Pantanal é um bioma muito rico em biodiversidade, essa característica faz dessa região um dos destinos do turismo ecológico no Brasil. Escolha um problema socioambiental que ameaça o bioma e destaque uma causa e uma consequência da sua ocorrência. 
3 — Complete o quadro abaixo e faça pesquisas complementares quando necessário.

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