1º Ano Ensino Médio - Noturno - Mutações no mundo natural.



Vamos aprofundar sobre os Domínios Morfoclimáticos da Caatinga e do Cerrado... 

O domínio morfoclimático da caatinga compreende um espaço de domínio do clima semiárido, irregularidade sazonal das chuvas, colonizado pela formação vegetal da caatinga e situado na região Nordeste do Brasil — área fisiográfica denominada sertão nordestino. 

O clima semiárido está caracterizado pela escassez de chuvas durante um período longo de seca que pode chegar até sete meses. O total pluviométrico anual varia entre 400 e 800 mm e apresenta temperaturas anuais elevadas e relativamente constante entre 25 e 29 °C. A explicação para a ocorrência do clima semiárido no Nordeste do Brasil é complexa, isso se deve a atuação da massa Equatorial Continental nas depressões interplanálticas nordestinas, além da atuação da massa Tropical Atlântica, no inverno influenciando as condições meteorológicas da zona da mata enquanto os ventos chegam pouca umidade no sertão. 

A vegetação da Caatinga é caracterizada pela presença de vegetais de porte arbóreo, arbustivo e herbáceo que apresentam mecanismos morfológicos e fisiológicos adaptativos às condições de seca prolongada como folhas pequenas e espinhos. Dentre as espécies típicas da vegetação de caatinga pode-se citar a macambira, a jurema, o umbuzeiro, e as cactáceas como o facheiro, o mandacaru e o xique-xique. Durante o período de seca prolongada, a caatinga torna-se acinzentada em razão da desaceleração das funções fisiológicas dos vegetais que perde suas folhas. Quando as primeiras chuvas ocorrem possibilitam o reverdecer da cobertura vegetal em razão da restauração das funções da fotossíntese em razão da presença de água no solo associada a luminosidade. No domínio morfoclimático da caatinga, em razão das peculiaridades climáticas, a rede hidrográfica está caracterizada pelo predomínio de rios intermitentes e efêmeros. No período de seca prolongada o lençol freático se aprofunda e deixa de alimentar os rios, tornando-os secos. No leito seco dos rios, muitas vezes, são utilizados como vicinais e/ou áreas de cultivos temporários. Outras vezes, a pequena quantidade de água que se acumula no solo, em subsuperfície, através da escavação do leito, possibilita a obtenção de água para utilização doméstica e para pequenos cultivos de vazante. No domínio da caatinga, o rio São Francisco mantém a perenidade do seu curso em virtude das chuvas ocorrentes em suas cabeceiras que concorre para manter o volume de água mesmo na estação seca prolongada. Este rio possibilitou a construção de grandes usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica na área do domínio da caatinga como Paulo Afonso, Sobradinho, Itaparica, Xingó, dentre outras. A caracterização dos problemas relacionados à econômica é influenciada pela irregularidade das chuvas e pela intermitência dos cursos d’água, além da seca edáfica, que dificulta a produtividade da agricultura e da agropecuária, agravando a pobreza e a miséria. No domínio morfoclimático da caatinga, a produção econômica é dependente da estação chuvosa e está caracterizada pelo predomínio da agricultura temporária (mandioca, milho, palma, feijão), de lavouras anuais e da agropecuária extensiva, muitas vezes praticada na caatinga arbustiva, onde destacamse os caprinos e ovinos como os rebanhos que suportam as peculiaridades da semi-aridez climática. Em algumas áreas de maior umidade, a produção agrícola permite a comercialização dos produtos em feiras livres nos núcleos urbanos. A implantação de rodovias e estradas e o estabelecimento das feiras como atividade econômica importante deu origem a uma hierarquia urbana com cidades de expressão regional como Feira de Santana (BA), Caruaru e Garanhuns (PE). Os inúmeros problemas sociais como o desemprego originam um êxodo de nordestinos para núcleos urbanos de outras regiões do país servindo de mão de obra barata, além da migração de transumância, principalmente para a zona da mata, para trabalhar como mão de obra temporária na colheita de lavouras anuais como a cana-de açúcar, no período de seca prolongada. 

O domínio morfoclimático dos cerrados está situado em áreas do território brasileiro compreendida pelos chapadões centrais, constituído de polígonos irregulares. O clima dominante é o tropical quente com uma estação seca alternando com estação chuvosa. Na área core do cerrado, o período seco ocorre de cinco a seis meses no ano enquanto que seis ou sete meses é a duração da estação chuvosa. A temperatura média anual é variável caracterizando a existência de amplitude térmica sazonal, pois a temperatura mínima varia entre 20 a 22 °C enquanto que a máxima está entre 24 e 26 °C. As características climáticas propicia a redução significativa da umidade do ar durante o inverno seco, apesar de na parte subsuperficial do solo haver reserva hídrica em decorrência da estiagem sazonal. No período seco ocorre uma oscilação do lençol freático variando entre 1,5 a 4 m, porém alimenta as raízes da vegetação lenhosa dos cerrados. Os Latossolos são os solos predominantes e apresentam características como intensa lixiviação, ácidos, baixa fertilidade química encontrado num ambiente onde predomina o intemperismo químico sobre rochas cristalinas (basaltos) e cristalofilianas (gnaisses, micaxistos, quartzitos) e sedimentares (arenitos, siltitos) com presença de crostas lateríticas e stone lines. A vegetação do cerrado é penetrada por floresta-galeria com variações florísticas de composição diversificada padrões regionais de cerrado e cerradão na área nuclear dos interflúvios e nas vertentes suaves. A homogeneidade das morfologias características do domínio dos cerrados corresponde a maciços planaltos de estrutura complexa com superfície de cimeira aplainada, além de planaltos sedimentares compartimentados com altitude variável entre 300 e 1700 m com feições morfológicas diversificadas — chapadões sedimentares e chapadões de estrutura complexa. A área core deste domínio morfoclimático ocorre no Planalto Central Brasileiro. Os bordos dos chapadões apresentam campos limpos. São áreas de cristas quartzíticas e xistos, mal pedogeneizados, com forte dissecação. A floresta galeria está situada no fundo aluvial dos vales de porte médio e grande nas planícies de inundação. Os sulcos da cabeceira das sub bacias há vegetação ciliar. As veredas são corredores herbáceos situados nos bordos da galeria florestal, no setor aluvial central das planícies situadas no fundo lateral das planícies de inundação. Nesse domínio morfoclimático os cursos d’água principais e secundários, porém algumas drenagens menores no período seco caracterizando uma intermitência sazonal. Apresentam-se perenes. O padrão de rede de drenagem das sub-bacias hidrográficas podem apresentar-se subparalelo a dendrítico. As ações antrópicas degradam os cerradões formados por florestas baixas de troncos relativamente finos compostos por processos naturais de adensamento de velhos estoques florísticos de cerrados quaternários e terciários. Os cerradões e cerrados apresentam enclaves de campos tropicais e de pradarias mistas subtropicais de planalto (Mato Grosso do Sul).

Os vegetais do cerrado apresentam um pseudoxeromorfismo evidenciado através de aspectos morfológicos como tronco e galhos retorcidos, folhas grossas e ásperas, árvores esparsas, casca grossa, raízes longas, dentre outros. Estas características da flora do cerrado são resultantes da adaptação às características do clima e dos solos submetidos a sazonalidade das chuvas. Com a expansão agrícola promovida por projetos governamentais e a construção de Brasília intensificou-se a ocupação do domínio morfoclimático dos cerrados. As formações vegetais foram devastadas em razão do desmatamento desenfreado e da substituição da mata nativa por agropecuária e pela monocultura intensiva (soja, milho, algodão), além da intensificação da urbanização. Os problemas ambientais do domínio dos cerrados é consequente do uso intensivo dos solos, do desmatamento, das queimadas e da utilização de agroquímicos que propiciam a degradação e a redução da fertilidade dos solos, a extinção de espécies da fauna e da flora nativas, a descaracterização da paisagem através de processos erosivos como as voçorocas que se instalam em razão da intensa mecanização agrícola.


ATIVIDADES

1 — O Domínio Morfoclimático do Cerrado é a região que mais sofre com queimadas, desmatamento, e com a agricultura que utiliza agrotóxicos. Porque esse domínio morfoclimático atrai tantas atividades econômicas? 

Leia o trecho e analise a tirinha para responder às questões 2 e 3. 

ONG alerta para necessidade de conservação do cerrado 
[…] Coordenador do Programa Cerrado-Pantanal, do WWF Brasil, Júlio César Sampaio da Silva, avalia o desmatamento como uma das grandes preocupações ambientais. “Nos últimos 50 anos, o Cerrado perdeu praticamente metade de sua área natural. Claro que essa perda deu lugar a plantações, gerou produção na região central do Brasil, criou cidades e estradas. Entretanto, mantido esse ritmo, em 50 anos não teremos mais Cerrado para conservar”, disse Sampaio […]. 
A Tribuna (Mato Grosso), 14/09/2014.

2 — Qual o principal problema ambiental sofrido pelo bioma Cerrado? Quais as causas de sua ocorrência? 

3 — Quais medidas podem ser tomadas para a conservação do Bioma Cerrado? 

4 — Observe a imagem. 
A imagem representa um impacto ambiental que vem ocorrendo no domínio morfoclimático da caatinga. Qual o nome desse fenômeno? E qual atividade econômica favorece a sua intensificação? 

5 — A caatinga é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro, sua área corresponde a 10% do território nacional, sendo o bioma predominante da região Nordeste. Quais os estados em que a caatinga está presente? A caatinga, ao contrário do que muitos imaginam, possui grande diversidade biológica. Caracterize a fauna e a flora da caatinga. Quais as principais atividades econômicas desenvolvidas na caatinga?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Geografia - Os Cenários da Globalização e Fragmentação.

2º Ano Ensino Médio - Compreensão e produção de texto.

1º Ano Ensino Médio - Noturno - Espelho, espelho meu... como eu me vejo?