2º Ano Ensino Médio - Noturno - As Transformações do Mundo Rural.

TEMA: O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA 

FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS… 

A AGRICULTURA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE 

Ao longo da história humana, existiram diferentes modos de produção agrícola, de acordo com instrumentos, técnicas de trabalho, aspectos culturais e com a localização de cada sociedade. No período Neolítico (há mais de 6 milhões de anos), mudanças climáticas deram origem as geleiras, florestas tropicais e maior número de rios perenes, que permitiram aos seres humanos conhecer e tirar máximo proveito da natureza. 

O desenvolvimento da agricultura favoreceu o sedentarismo, ou seja, diversos povos deixaram de ser nômades para se fixar em lugares onde, além de cultivar alimentos, criavam diferentes espécies de animais. A agricultura neolítica era praticada de duas formas principais: inicialmente, os sistemas pastoris e de cultivo ocorriam em florestas temperadas e tropicais, que eram derrubadas e queimadas para que, em suas áreas, se fizesse o plantio. Depois, entre cerca de 2.500 a.C. e 450, os seres humanos passaram a usar o sistema de pousio da terra – quando uma área é deixada em repouso, sem uso durante um período do ano, para recuperar seus nutrientes. Nesse intervalo, a criação de rebanhos, sobretudo bovinos, destinava-se à alimentação dos seres humanos, assim como à movimentação de carros de tração animal para arar o solo. As fezes desses animais serviam como fertilizante orgânico para o solo. 

Na América, maias, astecas e incas, povos pré-colombianos que já habitavam o continente antes da chegada do colonizador europeu, no final do século XV, desenvolveram diferentes técnicas de canalização das águas, o que possibilitou a introdução de práticas avançadas no cultivo de alimentos. Com isso, as populações deixaram de ser nômades e de praticar agricultura itinerante e passaram a se concentrar em áreas fixas. Na Europa, a crise do sistema feudal e o advento do capitalismo comercial fizeram a população camponesa se transferir para as cidades, e seus habitantes cada vez mais se ocuparam com o comércio e a manufatura. A população deixou de produzir alimentos e passou a comprá-los daqueles que permaneceram no campo. Pode-se dizer que essa foi a primeira “divisão do trabalho” entre campo e cidade. Para atender à demanda, a agricultura moderna surgiu como um dos resultados da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, melhorando instrumentos e ferramentas, principalmente pelo uso do aço nos arados de tração animal e nas máquinas de moer cereais, além do estrume de animais para a adubação das lavouras. De modo geral, o trabalho agrícola tornou-se mais intensivo, a fim de obter colheitas melhores com a mesma área de terra cultivada ou mesmo com a expansão delas, razão pela qual esse período foi denominado de Primeira Revolução Agrícola. No final do século XVIII, com o estabelecimento da propriedade rural privada e o aumento da jornada de trabalho dos agricultores que permaneceram no campo, um enorme contingente populacional sem acesso à terra migrou para as cidades em busca de trabalho nas indústrias em um processo denominado êxodo rural. 

AGROPECUÁRIA EXTENSIVA E INTENSIVA 
A agricultura e a produção pecuária podem se enquadrar em dois modelos distintos, denominados de intensivos e extensivos. Tais modelos podem variar conforme o nível de tecnologia empregado. A agropecuária é uma das principais atividades econômicas da atualidade e, ao lado do extrativismo mineral e vegetal, compõe quase que a totalidade das práticas sociais do meio rural. Os seus métodos e sistemas, no entanto, apresentam-se de formas diferentes conforme o nível de desenvolvimento tecnológico dos lugares e das condições das pessoas que realizam essa importante atividade. Por esse motivo, em termos de classificação, dizemos que existe uma diferença entre a agropecuária extensiva e a intensiva. A agropecuária extensiva é aquela praticada a partir de técnicas mais tradicionais e com baixo teor tecnológico. Na agricultura, ela se caracteriza pela produção com baixos investimentos e com o emprego de uma grande quantidade de trabalhadores. Na pecuária, ela ocorre com a criação de gados soltos e ocupa uma grande quantidade de terras, havendo uma menor produtividade. Já a agropecuária intensiva ocorre de maneira oposta, ou seja, empregam-se avançados recursos tecnológicos, o que ocasiona uma menor necessidade de trabalhadores na produção, tanto na agricultura quanto na pecuária. A necessidade de ocupação de terras é menor, embora ela seja mais frequente em grandes propriedades, e a produtividade é bastante elevada. 

A AGRICULTURA E A PECUÁRIA NA HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL 
A extração vegetal e a agricultura monocultora de exportação foram atividades econômicas decisivas para o processo de ocupação do território brasileiro até o século XX. 

O ciclo da cana-de-açúcar (XVI-XIX) foi uma das fases de maior desenvolvimento econômico. Por muito tempo, foi a base da economia colonial, com a maior parte do comércio sendo feito com o mercado europeu. Além do açúcar, nesse período destacou-se, também, a produção de tabaco e algodão. Este ciclo representou o alicerce econômico da colonização portuguesa no Brasil entre os séculos XVI e XVII. Do século XVII ao século XVIII, a concorrência holandesa, ao produzir açúcar nas Antilhas, resultou na perda do monopólio do açúcar pelo Brasil junto ao mercado europeu no século XVIII”.. Com o fim do ciclo açucareiro, seguiu-se um novo período que, na História, ficou conhecido como o Ciclo do Ouro, visto que este metal passou a ser grande responsável pela dinâmica econômica brasileira a partir do século XVIII

A partir do início do século XIX, tem início o ciclo do café (1800-1930). Este gênero agrícola foi o grande motor da economia brasileira por, pelo menos, 130 anos. Todavia, em 1929, com a crise econômica internacional decorrente da quebra da bolsa de valores de Nova York, houve uma acentuada redução da demanda internacional pelo café brasileiro, com uma enorme pressão negativa sobre o preço, chegando a inviabilizar a tomada de empréstimos externos para absorver os estoques excedentes de café. Nesse momento, a saída do governo foi desempenhar um papel ativo na economia nacional. 

Outro ciclo importante para a agricultura brasileira foi o da borracha (1866-1913). A borracha natural não precisou de mais que um século para se tornar a sensação na Europa e nos Estados Unidos. Grande demanda e pequena oferta levou a um rápido aumento na cotação internacional do produto. 

Nos anos 1960, cerca de 50% da população brasileira vivia no meio rural. Eram mais ou menos 70 milhões de pessoas que exerciam uma grande pressão pela disponibilidade de alimentos, os quais, em alguns casos, por não serem produzidos no Brasil, eram importados. A pressão da sociedade por alimentos produzidos no país levou à elaboração de uma proposta que associava aumento na produção de alimentos básicos com a redistribuição de terras como forma de promoção de justiça social, via reforma agrária. Após algumas tentativas, tal reforma tem início com a promulgação da Lei nº 4.504, de 30/11/1964 – esta lei regulamentaria os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola. Dois anos depois, seria promulgada a Lei 4.947, de 06/04/1966, a qual fixa normas de direito agrário e dispõe sobre o Sistema de Organização e Funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, e dá outras Providências. Nessa década, de forma complementar às reformas para o campo, surgiu, também, a Política de Crédito Rural através da Lei nº 4.829, de 05/11/1965. Na segunda metade do século XX, ocorrem dois eventos que, por transformarem a dinâmica do meio rural, acabaram por chamar a atenção dos estudiosos: a modernização da agricultura e a Revolução Verde. Tais eventos estavam alinhados à necessidade de políticas que potencializassem a obtenção de ganhos de produtividade da terra, do capital, da mão de obra e aumento da eficiência econômica através da especialização das unidades produtivas. Na prática, estabeleceram um novo marco referencial. De um lado, estão as empresas rurais, adeptas do agronegócio; e, do outro, a agricultura diversificada, a qual, nos anos 1990, passaria a ser conhecida por agricultura familiar. O resultado dessa nova concepção significaria, no período 1970- 2015, o crescimento da oferta de produtos agropecuários e o abastecimento da população com queda de preços dos alimentos




ATIVIDADES

1 — Qual a importância da agropecuária para a humanidade? E quais as suas consequências espaciais, ou seja, sua interferência na ocupação e organização do espaço? 

2 — Leia a manchete.

a) Você concorda com a notícia? Cite um argumento que possa validar a sua opinião. 

b) Quais os motivos têm levado à intensificação do modelo de produção agropecuária intensiva no Brasil e no mundo 

Observe o mapa e responda as atividades 3 e 4.
3 — Descreva atividade pecuária no Brasil ao longo da sua história de formação territorial. 

4 — Quais as principais atividades agrícolas realizadas na região Sudeste? 

5 — Quais as técnicas agrícolas utilizadas pelas civilizações pré-colombianas? Elas ainda são utilizadas até os dias atuais? Explique. 

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