2º Ano Ensino Médio - Noturno - A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais.
A literatura produzida por escritores e escritoras negras pode vir a apresentar uma especificidade, se considerarmos sua produção como uma representação da identidade desses sujeitos que
apresentam seus contextos de produção, bem como suas trajetórias pessoais e coletivas, a representação de uma comunidade negra e,m luta por conquista e manutenção de direitos, além de
um recorte interessante na produção literária brasileira, cujos cânones são parte de um modelo
étnico-normativo e padrão, da sociedade brasileira.
ATIVIDADES
Atividade 1
Ao ler a poesia abaixo, reflita sobre como ela apresenta momentos históricos sobre a vida de
mulheres, e tente responder às questões a seguir:
Vozes-Mulheres
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.
1 — Numerar a segunda coluna de acordo com a primeira.
Quais são os lugares habitados pelas vozes-mulheres, no poema de Conceição Evaristo?
I. Autora ( ) recolhe todas as vozes em si, as vozes mudas e caladas.
II. Mãe ( ) ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas.
III. Filha ( ) ecoou criança nos porões do navio.
IV. Avó ( ) ecoa versos perplexos com rimas de sangue.
V. Bisavó ( ) ecoou obediência aos brancos-donos de tudo.
Atividade 2
Pensando em como os diálogos entre os tempos históricos podem ocorrer, apresentamos duas poesias
que conversam entre si, marcando olhares distintos de uma mesma situação, em função da diferença do pertencimento étnico dos autores. Perceba a ironia contida nos textos em diálogo.
Irene no Céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Manhã, 1936. Disponível em: http: //www.jornaldepoesia.jor.br/
manuelbandeira02.html#irene. Acesso em: 10 de julho de 2020.
O Que Não Dizia o Poeminha do Manuel:
Irene preta!
Boa Irene um amor
mas nem sempre Irene
está de bom humor
Se existisse mesmo o Céu
imagino Irene à porta:
– Pela entrada de serviço – diz S. Pedro
dedo em riste
– Pro inferno, seu racista – ela corta.
Irene não dá bandeira
ela não é de brincadeira
BARBOSA, Márcio. Cadernos Negros 15. p. 64. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/
11-textos-dos-autores/305-marcio-barbosa-textos-selecionados. Acesso em: 10 de julho de 2020.
a) Quais diferenças você consegue perceber entre os dois poemas, quanto à linguagem utilizada?
b) Márcio Barbosa utiliza-se da poesia para dar um recado de toda população negra a São Pedro.
Qual é esse recado?
c) Você sabe quem foi Manuel Bandeira? Cite, pelo menos 3 Livros que ele escreveu.
d) Márcio Barbosa publicou seu texto como parte de uma “Coletânea de Poemas do Grupo
Quilombo Hoje”, que atuava em São Paulo, nos anos de 1990 e 2000 (primeira década).
Busque saber mais detalhes sobre a atuação desse coletivo e responda em que medida
a poesia e a literatura tornam-se instrumento através do qual compreendemos melhor a
nós mesmos e ao outro.
e) Você concorda que a poesia só existe a partir do momento que utiliza como matéria-prima as
vivências e convivências fundamentais de cada um de nós? Por quê?
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