3º Ano Ensino Médio - Noturno - Política, participação e Movimentos Sociais.
Movimentos de Luta pela Equidade de Gênero
Lorena Carlos Aiala
Você já deve ter ouvido falar, em algum momento da sua vida, sobre o movimento social feminista. Os
movimentos sociais são responsáveis por possibilitar que a/o cidadã/ão comum participe da vida política
de forma ativa na sociedade em que vive. O feminismo é um movimento social que defende a igualdade
de direitos entre homens e mulheres em todos os âmbitos da vida social. Aí você pode se perguntar: Qual
o motivo de termos um movimento que reivindica direitos básicos das mulheres? E a resposta para esse
possível questionamento é: Vários. Sim, as mulheres têm muitos motivos para reivindicar a igualdade de
direitos, uma vez que ao longo da história da humanidade a desigualdade entre elas e os homens se fez,
e ainda nos dias atuais, se faz presente e muitas vezes é naturalizada. Dito isto, vamos analisar algumas
estatísticas sobre essa desigualdade?
As mulheres são a maioria da população brasileira –
51,7% (PNAD, 2018) –, no entanto a baixa representatividade na política é uma realidade. O nosso estado, Minas
Gerais, por exemplo é o 8º com a menor representatividade das mulheres nesta área, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE. Por meio de
um levantamento feito pelo Centro de Documentação
e Informação da Câmara dos Deputados – Cedi, percebe-se que houve um aumento na ocupação feminina na
Câmara dos Deputados no decorrer dos anos, ou seja,
houve um aumento no número de mulheres representando a população brasileira. Porém, apesar desse aumento, a participação ainda é de 15% na Câmara dos
Deputados e 16% no Senado Federal. Veja no gráfico
elaborado em 2019:
A luta para diminuir a violência contra as mulheres é outro fator que motiva e faz parte das reivindicações dos movimentos feministas. E quando se expõe sobre a violência contra mulher, não se limita
apenas a violência física, considera-se a violência psicológica, sexual, moral, patrimonial, entre outras.
O Brasil é o 5º país no mundo que mais comete feminicídio, ou seja, que mais mata mulheres, ficando
atrás apenas da Rússia, Guatemala, Colômbia e El Salvador. A morte da mulher pelo simples fato de ser
mulher é a expressão máxima da violência (Garcia, 2013). Veja o mapa:
A desigualdade entre homens e mulheres é uma
realidade no mercado de trabalho. Isso quer dizer que
mesmo exercendo a mesma função, homens e mulheres não recebem o mesmo salário. Uma pesquisa
realizada pelo IBGE compara o período entre 2012 e
2018, e por ela podemos ver que a desigualdade salarial diminuiu no decorrer deste período, no entanto as
trabalhadoras ganham, em média, 20,5% menos que
os trabalhadores. Veja no infográfico a diferença/desigualdade salarial por cargo:
Com o acesso a esses dados quantitativos sobre
a representação política, violência e desigualdade no
mercado de trabalho, confirma-se a necessidade de
ter um movimento que luta por igualdade e que amplie
a voz e vez para as mulheres, e esses foram apenas
três exemplos. “Os homens dominam coletiva e individualmente as mulheres e esta dominação se exerce na esfera privada ou pública e atribui aos homens privilégios materiais, culturais e simbólicos”. Ou seja,
essa desigualdade acontece em todos os âmbitos da vida das mulheres. Dessa forma, não podemos esquecer que as desigualdades são problemas sociais construídos ao longo da história e que geralmente
favorece um grupo em detrimento de outros.
Você pode pensar que a atenção esteja muito voltada a esse problema social nos últimos anos, mas
o fato é que um dos primeiros documentos publicados em que se questiona a posição subalterna da
mulher na sociedade tem mais de 200 anos. É importante entender que o movimento feminista teve
grandes marcos e muitas/os autoras/es costumam dividi-lo em ondas que reivindicavam direitos políticos, igualdade social, direitos civis, liberdade de reprodução (uso de pílulas anticoncepcionais), maternidade, entre outros.
Além disso, é fundamental compreender que não existe um perfil único de mulher e que há diferenças do que elas lutam dependendo da sua classe social, raça/etnia, orientação sexual, entre outras
identidades. Assim sendo, não devemos usar o termo feminismo no singular, mas sim no plural com o
objetivo de abarcar a luta de todas as mulheres. Exemplos: As demandas de mulheres indígenas não
são as mesmas das mulheres que vivem em um centro urbano, porque elas se encontram em contextos
diferentes, possuem visões de mundo diferentes, têm culturas diferentes, entre outros aspectos. As
reivindicações das mulheres brancas divergem em relação às demandas das mulheres negras, pois ao
relembrar a construção histórica do Brasil percebe-se que a inserção no mercado de trabalho, questionada por mulheres brancas, por exemplo, não é uma questão para mulheres negras, uma vez que estas
já ocupavam esse espaço, desde a época da escravidão. O tipo de trabalho ocupado pela mulher negra
e a diferença salarial entre elas é também uma questão que exprime a necessidade de analisar essa
desigualdade de maneira interseccional, ou seja levar em conta várias categorias, nesse caso, gênero
e raça/etnia.
Então vamos refletir juntas e juntos: se você acredita que a mulher deva ganhar o mesmo valor que
o homem ocupando o mesmo cargo, que a integridade moral/física/psicológica da mulher deva ser preservada, ou seja, que a mulher não seja assediada/estuprada/violentada, se você acha justo as mulheres serem representadas politicamente, o seu pensamento vai de encontro com valores básicos dos
movimentos feministas.
Como e o quê podemos fazer para contribuir para que práticas que inferiorizam as mulheres não se
perpetuem? Vou mencionar um exemplo que está em nosso cotidiano e que muitas vezes não percebemos e/ou não damos a devida atenção: o uso de expressões machistas. Não podemos esquecer que a
linguagem tem poder e por isso, algumas práticas discursivas contribuem para que a subalternidade da
mulher em nossa sociedade continue.
Vamos aos exemplos práticos? “mulher no volante, perigo constante”; “você é uma mocinha, aprende
a sentar”; “menina não brinca de luta”; “sabe cozinhar, já pode casar”; “mulher com pelo parece homem”;
“vestido/saia curto demais, tá pedindo...”; “mulher não gosta de homem, gosta é de dinheiro”; “é muito
bonita pra ser inteligente”; “uma mulher só é completa quando tem filhos”; “tá gorda demais”; “tá magra
demais”; “mulher não sabe jogar futebol”; “mulher age com emoção e não com a razão”; “mulher falando
palavrão é feio”; “mulher e carro: quanto menos rodados melhor”. E aí? Você conhece, já ouviu ou usou
alguma dessas expressões? Que tal contribuir para uma sociedade menos desigual, menos violenta? É
necessário o entendimento que homens e mulheres são diferentes, mas essas diferenças não podem
ser transformadas em desigualdades.
ATIVIDADES
1 — (UFG 2014) Leia o texto e analise a figura a seguir.
Em 1991, a renda média das brasileiras correspondia a 63% do rendimento masculino. Em 2000,
chegou a 71%. As conquistas comprovam dedicação, mas também necessidade. As pesquisas
revelam que quase 30% delas apresentam em seus currículos mais de dez anos de escolaridade,
contra 20% dos profissionais masculinos.
Tendo em vista o texto e o implícito no discurso iconográfico,
percebe-se:
a) as diferenças na valorização da força de trabalho entre os
gêneros e a ampliação das demandas das mulheres na luta
pelo reconhecimento social.
b) a queda da taxa de fecundidade, elevando a renda feminina, e
os tabus da adequação a padrões de beleza vigentes.
c) a alteração do perfil das trabalhadoras que se tornam mais
velhas, casadas e mães e a participação das mulheres no
movimento feminista.
d) a classificação do trabalho doméstico contabilizado como
atividade econômica e a continuidade de modelos familiares
tradicionais.
2 — (ENEM 2013)
Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de um direito pelas mulheres, relacionado com a:
a) redivisão do trabalho doméstico.
b) liberdade de orientação sexual.
c) garantia da equiparação salarial.
d) aprovação do direito ao divórcio.
e) obtenção da participação eleitoral.
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