1º Ano Ensino Médio - Noturno - Sociologia - Educação e Escola.
Educação e Escola
Liliane da Conceição Rosa da Silva
Existem coisas na vida que são muito bonitas!! Não existem?! Veja se você concorda: uma criança
começando a dar os primeiros passos e a falar; um filme que assistimos quando estamos tristes e que
nos enche de esperança; alguém aprendendo a ler e a escrever as primeiras palavras; uma música que
reflete exatamente o modo como nos sentimos sobre determinado assunto e que nos ajuda a compreender que não estamos sozinhas/os; um abraço forte, que damos em uma pessoa de quem sentimos
saudades. Todas essas situações tornam ou não a vida mais bonita? Mas, e se nos perguntássemos o
que elas têm em comum? O que poderíamos encontrar como resposta? Evidente que não é possível
saber o que você pensou agora, só você o sabe, mas veja, queremos, aqui, apontar uma coincidência
entre todas essas situações, e essa coincidência tem a ver com uma palavra específica: Educação.
Educação??!! Sim, isso mesmo, Educação!
A Educação tem a ver com aprender a andar e a falar; tem a ver com compreender e produzir textos
em uma determinada língua, no nosso caso o português; tem a ver com o modo como aprendemos a
manifestar nossos sentimentos e sonhos em gestos, palavras e imagens; tem a ver com como estabelecemos relações com as outras pessoas. Esses são apenas alguns exemplos para que você compreenda o seguinte: Educação é algo muito amplo, e é a partir dela que nos tornamos humanos, ou seja, que
aprendemos tudo aquilo que nos caracteriza como humanos, visto que essa não é apenas uma condição biológica, sendo também, sobretudo, uma condição social.
Quando nascemos, pouco sabemos fazer para além de mamar, chorar, fazer xixi, cocô e dormir, mas,
aos poucos, vamos aprendendo a sorrir, a engatinhar, a ficar em pé, a balbuciar as primeiras palavras, a
falar frases inteiras. Nada disso é automático, é o fruto da interação com outras pessoas, que nos ensinam e nos dão suporte para que desenvolvamos cada novo movimento, pessoas que também foram
ensinadas e amparadas quando eram bebês. É evidente que isso não se encerra quando aprendemos
a falar e a andar. Nada disso! Dia após dia, ano após ano, estamos em um movimento constante de ensino e aprendizagem relativo à vida, movimento que ocorre direta e indiretamente nos mais diversos
espaços que ocupamos: o familiar, o grupo de amigos, os grupos políticos, os lugares de fé, a internet,
e, entre todos esses, um espaço muito especial, o escolar.
Pois bem, até aqui fizemos uma pequena introdução para que você compreenda o quão importante
é a Educação na nossa vida e na formação de quem nós somos. A partir de agora, falaremos mais sobre
a escola e sobre a educação escolar. Você, que está no primeiro ano do Ensino Médio, já parou para
pensar no porquê de se arrumar para ir à escola todos os dias? Já parou para pensar no porquê de seus
pais ou responsáveis a/o obrigarem a ir para escola, mesmo quando você não quer fazer isso? Já parou
para pensar se a escola, tal como conhecemos hoje, sempre existiu? E se todas e todos sempre tiveram
acesso a ela?
Educação escolar:
A escola, como nós a conhecemos, é fruto da sociedade moderna e do desenvolvimento do capitalismo. É do século XIX e XX esse modelo de ensino que, de modo geral, tem como objetivo alfabetizar em línguas e em matemática e transmitir conteúdos desenvolvidos no campo das Artes, da Filosofia e das Ciências Naturais e Humanas. A importância social da escola cresceu muito nesses últimos três séculos (XIX, XX e XXI), de tal forma que, hoje, em grande parte do mundo, tem-se o entendimento de que, por ela, devem passar todas as crianças, independente da classe social, raça ou gênero a que pertençam.
Dados reflexões sobre a educação escolar no Brasil
No Brasil, a educação escolar é um direito social garantido pela Constituição Federal de 1988. Entende-se que ela é fundamental para o pleno desenvolvimento das pessoas enquanto cidadãs/ãos. Um
direito a ser garantido pela família e pelo Estado. E é justo o Estado o ente responsável por organizar e
manter as escolas públicas nos âmbitos federal (em todo o país), estadual (no seu estado) e municipal
(na sua cidade). Atualmente, a educação escolar básica a ser garantida pelo Estado compreende as seguintes etapas: o Ensino Infantil; o Ensino Fundamental, dividido em Anos Iniciais (1o
ao 5o
ano) e Anos
Finais (6o
ao 9o
ano); e o Ensino Médio.
De acordo com dados do IBGE para o ano de 2018, 99,3% das crianças e adolescentes brasileiras/os,
com idades entre 06 e 14 anos, tinham acesso aos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental. Mas
nem sempre foi assim, observe o gráfico abaixo:
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR NÍVEL DE EDUCAÇÃO (%) — BRASIL 1960 — 1990
Conforme documento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), em 1990 somente 19% da população brasileira possuía o Ensino Fundamental completo, e apenas
13%, haviam completado o nível médio. Nem sempre houve escola acessível para todas e todos nesse
país, situação que incidiu sobre os nossos índices de analfabetismo. Nesse sentido, de acordo com o
Inep, 46% da população nacional no ano de 1960 era analfabeta, em 1970 o índice de analfabetos era de
43%, 33% no ano de 1980 e 22% em 1990.
Para além dos dados apresentados, você pode comprovar as dificuldades que já existiram no país
para o acesso à escola a partir de um exercício simples: pergunte aos seus pais ou avós sobre o que era
necessário fazer para garantir uma vaga na escola pública nas décadas de 1970, 80 e 90. Muito provavelmente eles te dirão da necessidade de enfrentar longas horas em filas intermináveis, a fim de garantir
uma vaga para suas/seus filhas/os estudarem.
Educação escolar e construção de conhecimentos:
Mas, você deve estar se perguntando: qual o sentido dessas informações? Veja bem, é necessário
que nós compreendamos que o acesso à Educação Básica é um direito, e se, ao longo dos anos, houve
ampliação no número de pessoas atendidas, isso não é fruto do acaso, mas de muita luta social. Ora, se
a organização política foi importante para a ampliação do alcance da escola pública, ela continua a ser
importante, agora para cobrar que a educação ofertada seja de boa qualidade e cumpra o papel que lhe
foi constitucionalmente atribuído na formação das/os cidadãs/cidadãos brasileiras/os.
Outra pergunta que talvez você esteja se fazendo: por que a educação escolar é um direito tão importante? Ora, porque ela é a nossa principal porta para a construção e compreensão dos conhecimentos necessários ao nosso desenvolvimento e do mundo em que estamos inseridos. Para, além de
ampliar nossas possibilidades de entendimento sobre a realidade e de crescimento pessoal, saber ler,
escrever e resolver problemas matemáticos, que são as mais básicas habilidades que desenvolvemos
na escola, é de suma importância para o campo do trabalho. Vivemos em um mundo, e lembre-se, esse
mundo não é um dado da natureza, mas uma construção social, fruto da ação humana, em que os conteúdos aprendidos na escola possuem cada vez mais importância, isso porque, entre outros fatores,
são conteúdos que estão presentes nas diversas dimensões de nossas vidas.
Para além dessa discussão relativa à educação escolar como direito relativo à construção do conhecimento, devemos nos atentar, também, à importância da escola como espaço de sociabilidade e estabelecimento de vínculos. Na escola formamos laços de afeto, fazemos amigos (e às vezes inimigos também) e aprendemos a conviver com quem é diferente de nós. No ambiente escolar se estabelecem relações dos mais diversos formatos e conteúdos, harmônicas e divertidas ou tristes e violentas. Na escola podemos ser acolhidas/os e nesse caso, nos sentir bem e pertencentes a algo, ou, pelo contrário, podemos ser excluídos e, com isso, nos sentir sozinhos e infelizes. Ambas as situações produzem efeitos sobre nossa autoestima e autoconfiança e sobre os projetos que desenhamos ou deixamos de desenhar para nossas vidas. Lembrando sempre que, do mesmo modo como podemos ser acolhidos e/ ou excluídos, nós também acolhemos e/ou excluímos às/aos colegas.
Devemos falar, ainda, sobre as relações que se estabelecem entre alunas/os e professoras/es; é
comum encontrarmos relatos de agressões verbais e físicas, proferidas ora por alunas/os, ora por professoras/es, e que produzem efeitos terríveis em quem as sofre, dado que a pessoa agredida se sente
humilhada, desvalorizada e desrespeitada. Entretanto, também é comum que encontremos relatos de
ajuda mútua e incentivo, em que alunas/os e professoras/es se encorajam mutuamente. Quantas vezes
ouvimos dizer sobre professoras/es que, ao elogiarem suas/seus alunas/os, as/os fazem acreditar em si
mesmas/os e em suas melhores capacidades? Noutra ponta, quantas vezes encontramos professoras/
es que dizem de uma manifestação de carinho das/os alunas/os, que as/os fizeram ver sentido, beleza
e importância na profissão que desenvolvem? Essas são possibilidades das relações e devemos nos
atentar a elas.
Dado que a escola é um lugar de encontros, é importante que possamos pensar no papel que ela
tem desempenhado na formação de quem somos e dos valores que defendemos. Como lidamos com as
diferenças de gênero, idade, raça, religião, território geográfico e pertencimento cultural que habitam
o ambiente escolar? Como somos tratados em relação às nossas especificidades? Como a escola está
nos formando para lidar com essas diferenças nos mais diversos espaços sociais? Essas, são perguntas
sociológicas!!!
Vídeo para saber mais:
• Pro Dia Nascer Feliz
ATIVIDADES
Escreva um texto
(05 a 15 linhas) respondendo às seguintes questões:
I. Como você avalia o papel da escola na sua vida e na organização da sociedade em que você
encontra-se inserida/o?
II. Como a escola influenciou na construção de quem você é?
III. Qual a relação entre aquilo que você aprende na escola e o mundo que te rodeia?
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