1º Ano Ensino Médio - Noturno - Sociologia - Educação e Projeto de Vida.

Olá estudantes! Nesta semana vamos discutir sobre a relação entre a educação e projeto de vida. 
Oi? 
Isso mesmo! Você já parou para se perguntar “por que eu estou na escola?”, “por que é importante estudar?”, “como o que eu aprendo na escola me ajudará no futuro?” ou “quero ser um profissional respeitado na minha área?” 
Vocês que já estão no 1º ano do Ensino Médio já vivenciaram algumas etapas do ensino da Educação Básica. Concluíram o Fundamental 1 e depois veio o Fundamental 2. Concluíram o Fundamental 2 e agora estão no Ensino Médio. E depois do Ensino Médio, vem o quê? Há, no mínimo, oito anos que vocês frequentam a escola e esses pensamentos e/ou planejamentos de traçar seu projeto de vida, a cada etapa concluída, se faz necessário. E ao pensar nos seus objetivos, no seu projeto de vida, consegue me dizer o que ele tem a ver com a escola? Ou como a escola te permitiria alcançá-lo? 
A partir das discussões feitas nas semanas anteriores já entendemos a educação como um direito de todas e todos, mas ainda percebemos que há desigualdades nos processos educacionais, ou seja, há maneiras diferentes e desiguais de vivenciar experiências no contexto escolar dependendo do seu gênero, cor/raça, orientação sexual, entre outros aspectos da identidade. Dessa forma, podemos concluir que não depende única e exclusivamente da pessoa traçar seus objetivos para seu projeto de vida, mas é necessário levar em consideração toda a estrutura social que privilegia, ou não, determinados grupos. A partir dessas colocações, vamos refletir juntas e juntos? 
Para começar, é importante sabermos o que é projeto de vida. Então, “projeto é lançar-se para o futuro, com orientação, é a procura por respostas para uma interrogação que provoca interesse e incomoda”. No entanto, para buscar respostas ou para se propor a fazer algo é necessário que você saiba do que gosta, com qual disciplina mais se identifica, quais assuntos te provocam curiosidade e vontade de saber mais, enfim, é preciso se conhecer. 
O autoconhecimento e as escolhas ao longo da vida não processos fáceis, mas ao estudar a sociologia entendemos que somos o que somos e gostamos do que gostamos porque a socialização (conceito trabalhado no PET 1) nos proporcionou e proporciona determinadas experiências. Voltemos a falar da estrutura social que privilegia, ou não, determinados grupos. Como comparar as vivências de uma criança que nasce em um bairro nobre com outra criança que nasce na periferia? Como igualar as experiências de um/a adolescente que faz aulas de língua estrangeira, que toca um instrumento musical, pratica algum esporte, tem mesada, viaja todas as férias, com outro/a adolescente que tem que trabalhar para contribuir com o sustento da casa ou é “arrimo de família”? Que se preocupa se terá algo para comer mais tarde? 
A partir dessa desigualdade de condições materiais e oportunidades você pode se questionar: como as pessoas que não possuem posições privilegiadas podem fazer para mudar a situação de sua vida? Será que é querer demais planejar seu futuro, ter um projeto de vida? Querer ser um bom profissional, viajar pelo mundo, construir uma família? Ou será que, como o destino, “todo mundo já conhece é que o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre” 

 
Um caminho possível para transgredir certos determinismos sociais é por meio da educação. Isso não é clichê (e eu posso provar!). Disponibilizo a seguir um gráfico que relaciona tempo de estudo com salário. Em outras palavras, em média, quanto mais a pessoa estuda maior será seu salário, essa é uma relação proporcional e direta. Veja:

Observem no gráfico elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico — OCDE — que as pessoas que não completaram o Ensino Médio ganham 34% abaixo da média salarial nacional. Já as pessoas que finalizaram a graduação recebem 129% acima da média salarial nacional. E no caso das pessoas que possuem a titulação de mestrado ou doutorado, podem receber um salário até 334% a mais que a média nacional. 
Em uma pesquisa recente realizada pela Fundação Getúlio Vargas — FGV — evidencia que seu salário pode aumentar em quase 15% para cada ano de estudo. Daí você pode pensar: mas e as profissões que não exigem muita escolarização, por exemplo, a de jogador/a de futebol? Não tenho uma notícia animadora! Segundo um levantamento de dados feito pela Confederação Brasileira de Futebol — CBF — mais de 80% dos jogadores recebem até R$ 1.000 mensalmente. A porcentagem do/as que ganham entre R$ 100 mil e R$ 200 mil é de apenas 0,12%. Percebem que corremos o risco de generalizar a exceção? Embora não apresente dados sobre outras profissões, tais como atriz/ator, músico, modelo, artista de TV, jornalista, os altos salários como exceção também são uma realidade. 
Ao fazer uma breve retrospectiva histórica sobre o acesso à educação no Brasil percebe-se que nem sempre esse acesso foi garantido. Mulheres e negros, por exemplo, já foram impedidos de estudar. Nas décadas de 60 e 70, quando houve uma grande migração do campo para a cidade em nosso país, mais de 70% da população brasileira tinha no máximo 3 anos de estudo. E ainda, apenas uma a cada 100 pessoas frequentava o Ensino Superior. De maneira simplista, para entender o contexto, a maioria das  pessoas tinham poucos anos de escolaridade, com isso a baixa qualificação era uma realidade o que ocasionava em uma baixa remuneração. 
Esse panorama mencionado tem cerca de 60 anos. Mas o que mudou nos dias atuais? Veja qual é a situação atualmente no Brasil e em Minas Gerais, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios — PNAD:

Neste gráfico podemos perceber que os dados a nível nacional e estadual estão muito próximos. Por exemplo, mais da metade da população do Brasil e de Minas Gerais, possui, no máximo, o ensino fundamental completo. Em todo o Brasil 26,3% das pessoas estudaram até o ensino médio, enquanto em Minas Gerais a porcentagem é de 23,7%. Em nosso país 15,3% da população tem ensino superior completo, já em Minas Gerais esse dado é de 14,3%. 7,2% da população brasileira é analfabeta e em MG 6,2%. Muitas/os jovens que estão na sua sala possivelmente serão as primeiras pessoas da família a completar o Ensino Médio. 
Precisamos refletir sobre a frequência na escola. A educação é um direito de todas e todos, por isso é dever do Estado garantir seu acesso e sua permanência. Você não deveria frequentar a escola porque sua mãe obriga, mas sim porque a escola faz parte do seu projeto de vida. A escola é o caminho possível para minimizar a desigualdade social existente em nosso país e romper com o ciclo vicioso das dificuldades que insistem em estagnar os/as menos favorecidos/as economicamente. 
Inclua a escola em seu projeto de vida! Não há atalhos para encurtar o caminho para a ascensão e sucesso em sua vida profissional. Não caia no discurso da meritocracia “se você se esforçar, consegue”, “tal pessoa ocupa uma boa posição porque mereceu”, tenha consciência de que as oportunidades são desiguais, por isso, você precisa ter muito mais determinação do que outros para atingir seus objetivos, mas não deixe que isso te desanime ou te paralise. 
 “Quando você nasce pobre, o maior ato de rebeldia contra o sistema é você ser estudioso.” 
(Autor desconhecido)

ATIVIDADES

1 — Elabore um texto sobre quem é você, quais são os seus desejos e tudo que faz sentido para você. Sugestões: 
•  Qual é seu nome? 
•  Por que seus pais lhe deram esse nome?
•  Quando e onde você nasceu? 
•  Conte sobre seu pai, mãe ou responsável. 
•  Entre os seus familiares, com quem você mais se parece? 
•  Tem algum filme ou livro que marcou a sua infância? 
•  Alguma história que te influenciou de alguma forma a ter as suas características que você tem hoje? 
•  Você gosta de séries de TV? 
•  Como foi sua vida escolar durante o ensino fundamental, você sofreu algum tipo de bullying (preconceito)? 
•  Você concluirá os estudos com 18 anos? Se não, por quê? 
•  Quais são os seus planos quando encerrar o ensino médio? 
•  Você trabalha? •  Qual foi o momento mais feliz que teve em toda a sua vida? 
•  Que tipo de música você costuma ouvir?
•  A religião é uma parte importante de sua vida familiar? Em caso afirmativo, qual é a religião de sua família e o que isso significa para você? 

Em caso negativo, por qual razão? O seu texto deve ter de 15 a 30 linhas. 

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