1º Ano Ensino Médio - Noturno - Sociologia - Educação e Desigualdade.
Educação e Desigualdade
Primeiro precisamos entender o que significa “desigualdade”.
“Uma desigualdade é uma diferença de acesso que gera uma organização hierárquica. A desigualdade é diferente da diferença. Uma desigualdade é uma diferença que se traduz com vantagens e desvantagens. Existem diferenças de sexo, de idade, etc. Vai ser uma desigualdade apenas se isto provocar uma desvantagem ou uma vantagem. A desigualdade pode ser uma relação entre indivíduos, grupos, países, sexos, gerações, etc. e podem se acumular. ” (Léa Mougeolle, 30 de outubro de 2014, Portal Sociologia)
Entendendo então que as desigualdades levam a vantagens ou desvantagens, vamos pensar como isto se traduz em termos práticos na escola:
Um dos maiores fatores de desigualdade é o fator socioeconômico que faz com que crianças e adolescentes tenham experiências muito diferentes em relação à escola. Há realidades sociais que interferem de forma positiva ou negativa no desenvolvimento escolar. Como assim? Vamos supor uma situação:
Pense que você é um/a jovem que estuda numa escola próxima a sua casa, sendo assim não precisa acordar tão cedo para chegar no horário. Imagine você entrando numa sala de aula com aproximadamente 30 colegas, mesas e cadeiras confortáveis, o/a professor/a chegando na sala e ligando o computador para exibir no telão um pequeno filme para introduzir a matéria. Esta é a realidade de jovens em escolas com verba para adquirir computadores para as salas, retroprojetores e outras tecnologias para auxiliar no aprendizado das/os estudantes. Entretanto, esta não é a realidade da maioria das escolas públicas, geralmente com turmas grandes e salas superlotadas. Muitas vezes há uma única sala para passar filmes que é compartilhada entre professoras/es e turmas da escola. E não para por aí, vamos lá:
Imagine agora que você está saindo desta escola e ao chegar em casa, após almoçar, pode descansar um pouco e depois vai ligar seu computador e fazer a pesquisa que seu/sua professor/a de Sociologia passou. Além disso, há uma videoaula na plataforma da escola e indicação de um filme, disponível no Youtube. De acordo com o/a professor/a, isto irá te auxiliar a escrever a redação sobre um possível tema do Enem. Esta é a realidade de diversos estudantes que possuem uma situação socioeconômica favorável aos estudos. Será esta a realidade de alunas/os de escolas públicas?
Voltando a questão do acesso ao ensino superior, podemos comparar estes dois jovens, que possuem realidades socioeconômicas muito diferentes, e entender como funciona a desigualdade escolar, como as experiências educacionais serão diferentes e consequentemente haverá desigualdade de acesso entre classes sociais diferentes.
Para diminuir esta desigualdade, é preciso que o governo invista na educação pública, na infraestrutura das escolas, na formação de professores, nos auxílios e programas sociais para permitir que as/ os jovens tenham condição de estudar de forma adequada. É preciso diminuir as desigualdades sociais para que haja equidade de acesso à educação básica e superior. E é necessário que haja acesso à educação básica de qualidade para que as desigualdades sociais sejam reduzidas permanentemente.
Lorena Rodrigues Abrantes
Olá estudantes! Nessa semana vamos refletir sobre a importância da educação e da escola na
diminuição das desigualdades e também vamos pensar o efeito da desigualdade social no acesso e
permanência das/dos estudantes na escola. Vamos pensar nos desafios educacionais impostos pela
pandemia e de que maneira as diferentes classes sociais estão tendo acesso à educação.
Primeiramente devemos ter como ponto de partida que não é possível, por enquanto, termos aulas presenciais e que o acesso das/dos alunas/os aos materiais e às/aos suas/seus professoras/es é,
até então, exclusivamente online. Partindo desta premissa, podemos refletir sobre alguns aspectos
deste processo:
— Quem são as/os alunas/os que possuem total acesso às plataformas virtuais?
— De que forma o processo educacional tem alcançado as/os alunas/os?
— Quais as possíveis consequências para aquelas pessoas que não possuem acesso?
— Como se dá o processo de ensino e aprendizagem longe do/da professor/a?
A primeira pergunta podemos responder com base nos dados do governo federal de Maio de 2020:
“No Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, não têm acesso à internet
em casa. Eles correspondem a 17% da população nessa faixa etária [...]. Aqueles que não acessam a
internet de nenhuma forma, no entanto, chegam a 11% da população nessa faixa etária. A exclusão é
maior entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais, onde a porcentagem daqueles que não
acessam a rede chega a 25%. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual é 21% e, entre os domicílios
das classes D e E, ou seja, entre os mais pobres, 20%.” As informações foram coletadas entre outubro
de 2019 e março de 2020. (Agência Brasil, 17 de Maio de 2020)
Quando pensamos na realidade da maioria das/os alunas/os brasileiras/os, estudantes da rede pública de ensino, esses números são ainda maiores, pois, segundo a pesquisa, no interior da população
brasileira, 17% das pessoas que não tem acesso à internet são crianças e adolescentes entre 9 e 17
anos. Essa porcentagem aumenta muito se levarmos em conta apenas os estudantes da rede pública
onde se concentram as classes sociais com menor renda.
E como as diferentes classes sociais estão vivenciando essa experiência do ensino remoto?
Mesmo as/os estudantes que possuem acesso à tecnologia estão enfrentando diversos problemas.
Estudar pela internet não é tão simples: Requer além do esforço pessoal da/o estudante em buscar o
material, estudar sozinha/o todas as matérias, assistir e entender as aulas, é importante também ter
um espaço tranquilo e silencioso para o estudo. Muitas casas não possuem quartos individuais para
as/os filhas/os, muitas vezes não há nem mesmo uma mesa onde a/o jovem possa estudar e fazer os
deveres enviados pela escola.
Quando pensamos nas classes altas e médias, a realidade é bem diferente: não há problemas de
acesso como falta de celulares ou computadores, as casas possuem internet wifi e os celulares contam
com planos de internet melhores. Muitas escolas privadas inclusive já possuíam plataformas para aulas
remotas antes mesmo da pandemia. Claro que há famílias destas classes que também estão passando
por problemas financeiros como consequência da pandemia, porém, em termos gerais, conseguem ter
acesso ao ensino remoto.
Finalmente, algumas considerações sobre as possíveis consequências da pandemia em relação aos estudantes da rede pública:
Como sabemos, muitos estão sem acesso às plataformas e isso pode gerar uma defasagem na aprendizagem e atrasos nos conteúdos estudados o que aumenta o abismo da desigualdade educacional entre os brasileiros.
Outro grave problema é o aumento do abandono, da evasão escolar. Muitas/os estudantes no decorrer do ano vão parando de frequentar as aulas e acabam por abandonar a escola. Isso ocorre tanto no fundamental quanto no ensino médio (neste, a desmotivação e a necessidade de trabalhar são fatores importantes para compreendermos a evasão, falaremos mais a respeito).
Com a pandemia, como já falamos, muitas/os alunas/os se veem desestimuladas/os porque não têm acesso às aulas e aos materiais online, o que dificulta o processo de escolarização, junta-se a isso o fato de que em muitas famílias (especialmente as de baixa renda) algum membro da família perdeu o emprego ou está em situação financeira difícil (como trabalhadores informais que estão impedidos de trabalharem nas ruas). Nestas situações, muitas/os alunas/os, especialmente aqueles do ensino médio, abandonam a escola para trabalhar e assim poder ajudar nas despesas familiares.
E como consequência da evasão escolar, tem-se a maior dificuldade em conseguir empregos que exigem escolaridade mínima, o que acarreta, além do aumento do desemprego entre os jovens, a baixa autoestima por não concluir a educação básica.
Outro impacto negativo é a desigualdade no acesso às universidades entre as classes sociais mais altas e as mais baixas. O sistema de avaliação meritocrático não leva em conta as dificuldades de acesso à educação básica. Jovens que desejam ingressar no ensino superior gratuito no Brasil são avaliados por meio do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e o impacto da pandemia ainda não pode ser mensurado, mas certamente impactará no acesso das classes sociais mais baixas às universidades públicas nos próximos anos.
Mesmo entre jovens oriundos de escola pública há desigualdade, principalmente em relação ao acesso remoto durante a pandemia.
Observe a charge produzida pelo chargista Lézio Júnior e reflita sobre as desigualdades no acesso à educação principalmente durante este período de pandemia:
Vamos falar agora sobre desigualdade na escola: Finalmente, algumas considerações sobre as possíveis consequências da pandemia em relação aos estudantes da rede pública:
Como sabemos, muitos estão sem acesso às plataformas e isso pode gerar uma defasagem na aprendizagem e atrasos nos conteúdos estudados o que aumenta o abismo da desigualdade educacional entre os brasileiros.
Outro grave problema é o aumento do abandono, da evasão escolar. Muitas/os estudantes no decorrer do ano vão parando de frequentar as aulas e acabam por abandonar a escola. Isso ocorre tanto no fundamental quanto no ensino médio (neste, a desmotivação e a necessidade de trabalhar são fatores importantes para compreendermos a evasão, falaremos mais a respeito).
Com a pandemia, como já falamos, muitas/os alunas/os se veem desestimuladas/os porque não têm acesso às aulas e aos materiais online, o que dificulta o processo de escolarização, junta-se a isso o fato de que em muitas famílias (especialmente as de baixa renda) algum membro da família perdeu o emprego ou está em situação financeira difícil (como trabalhadores informais que estão impedidos de trabalharem nas ruas). Nestas situações, muitas/os alunas/os, especialmente aqueles do ensino médio, abandonam a escola para trabalhar e assim poder ajudar nas despesas familiares.
E como consequência da evasão escolar, tem-se a maior dificuldade em conseguir empregos que exigem escolaridade mínima, o que acarreta, além do aumento do desemprego entre os jovens, a baixa autoestima por não concluir a educação básica.
Outro impacto negativo é a desigualdade no acesso às universidades entre as classes sociais mais altas e as mais baixas. O sistema de avaliação meritocrático não leva em conta as dificuldades de acesso à educação básica. Jovens que desejam ingressar no ensino superior gratuito no Brasil são avaliados por meio do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e o impacto da pandemia ainda não pode ser mensurado, mas certamente impactará no acesso das classes sociais mais baixas às universidades públicas nos próximos anos.
Mesmo entre jovens oriundos de escola pública há desigualdade, principalmente em relação ao acesso remoto durante a pandemia.
Observe a charge produzida pelo chargista Lézio Júnior e reflita sobre as desigualdades no acesso à educação principalmente durante este período de pandemia:
Primeiro precisamos entender o que significa “desigualdade”.
“Uma desigualdade é uma diferença de acesso que gera uma organização hierárquica. A desigualdade é diferente da diferença. Uma desigualdade é uma diferença que se traduz com vantagens e desvantagens. Existem diferenças de sexo, de idade, etc. Vai ser uma desigualdade apenas se isto provocar uma desvantagem ou uma vantagem. A desigualdade pode ser uma relação entre indivíduos, grupos, países, sexos, gerações, etc. e podem se acumular. ” (Léa Mougeolle, 30 de outubro de 2014, Portal Sociologia)
Entendendo então que as desigualdades levam a vantagens ou desvantagens, vamos pensar como isto se traduz em termos práticos na escola:
Um dos maiores fatores de desigualdade é o fator socioeconômico que faz com que crianças e adolescentes tenham experiências muito diferentes em relação à escola. Há realidades sociais que interferem de forma positiva ou negativa no desenvolvimento escolar. Como assim? Vamos supor uma situação:
Pense que você é um/a jovem que estuda numa escola próxima a sua casa, sendo assim não precisa acordar tão cedo para chegar no horário. Imagine você entrando numa sala de aula com aproximadamente 30 colegas, mesas e cadeiras confortáveis, o/a professor/a chegando na sala e ligando o computador para exibir no telão um pequeno filme para introduzir a matéria. Esta é a realidade de jovens em escolas com verba para adquirir computadores para as salas, retroprojetores e outras tecnologias para auxiliar no aprendizado das/os estudantes. Entretanto, esta não é a realidade da maioria das escolas públicas, geralmente com turmas grandes e salas superlotadas. Muitas vezes há uma única sala para passar filmes que é compartilhada entre professoras/es e turmas da escola. E não para por aí, vamos lá:
Imagine agora que você está saindo desta escola e ao chegar em casa, após almoçar, pode descansar um pouco e depois vai ligar seu computador e fazer a pesquisa que seu/sua professor/a de Sociologia passou. Além disso, há uma videoaula na plataforma da escola e indicação de um filme, disponível no Youtube. De acordo com o/a professor/a, isto irá te auxiliar a escrever a redação sobre um possível tema do Enem. Esta é a realidade de diversos estudantes que possuem uma situação socioeconômica favorável aos estudos. Será esta a realidade de alunas/os de escolas públicas?
Voltando a questão do acesso ao ensino superior, podemos comparar estes dois jovens, que possuem realidades socioeconômicas muito diferentes, e entender como funciona a desigualdade escolar, como as experiências educacionais serão diferentes e consequentemente haverá desigualdade de acesso entre classes sociais diferentes.
Para diminuir esta desigualdade, é preciso que o governo invista na educação pública, na infraestrutura das escolas, na formação de professores, nos auxílios e programas sociais para permitir que as/ os jovens tenham condição de estudar de forma adequada. É preciso diminuir as desigualdades sociais para que haja equidade de acesso à educação básica e superior. E é necessário que haja acesso à educação básica de qualidade para que as desigualdades sociais sejam reduzidas permanentemente.
ATIVIDADES
1 — No texto desta semana apresentamos duas charges. Escreva uma redação com o tema: “Desigualdade e Educação em tempos de Pandemia”.
Sua redação deve ter entre 15 e 30 linhas. Não esqueça que o seu texto deve apresentar elementos
presentes nas duas charges. Bom trabalho!
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