2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Filosofia - Verdade e Validade.

 O “Eu” no Mundo 

Quem sou eu? 
Quando nos fazemos esta pergunta, é necessário considerar uma gama de fatores que participam do nosso processo de formação e evolução enquanto seres existentes no mundo. 
Existir no mundo para Heidegger o ser humano é essencialmente possibilidade, ele pode no Ser escolher-se e conquistar-se ou se perder, ou seja, não conquistar-se ou conquistar-se só aparentemente. Ainda, segundo ele: “Sendo sempre eu, o poder ser (humano) é livre para autenticidade e inautenticidade, ou ainda para um modo de indiferença”. (Heidegger, M. O Ser e o Tempo, §9 e §45). 
Portanto desde o nosso nascimento, estamos inseridos em um determinado contexto social, do qual , temos as bases iniciais do nosso processo de formação, adquirido pela cultura e desenvolvemos ao longo do tempo uma espécie de crivo, onde determinamos o que é presente em nosso Eu e o que torna-se um composto interno de nossa consciência, ou seja, aos poucos desmistificamos a nossa existência, tornamos conscientes de nós mesmos, reconhecemos nossas fragilidades e capacidades e na liberdade, nos definimos como seres no mundo. 
Mas o processo não é tranquilo como parece. Percebemos isso quando questionamos as coisas boas e ruins que acontecem em nossas vidas, o nosso progresso e retrocesso em nossos projetos particulares e o êxito ou falha no relacionamento com o outro. 
Para o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, o ser humano é condenado a ser livre, e a liberdade reside em escolher e aceitar as consequências de nossos atos. 
Somos responsáveis pelo nosso “Eu” no mundo. Só existirão interferências externas se nós escolhermos que existam. É claro que em um convívio social, como vivemos, estamos presos a “esquemas” pré-determinados que muitas vezes subjugam a nossa capacidade, geram angústia em nosso ser e, se permitirmos, nos condiciona a vontade externa. 
O pensamento crítico nos possibilita uma rota de fuga destes conceitos pré-determinados, através da análise detalhada de nossas vontades, desejos e objetivos e traça uma rota de ação, para termos o máximo de domínio da nossa existência. Mas é uma tarefa árdua, em um processo “lento, gradual e seguro”. Mas ser autêntico tem um preço. Requer abrirmos mão de ideias e situações cômodas e agir para nosso crescimento enquanto pessoas.
“Conhece-te a ti mesmo”, (Termo inscrito no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, no século IV a. C.), expressa, segundo Sócrates que para conhecer e entender a realidade (Bem como conviver e dominar seus segredos) o primeiro conhecimento que devemos buscar, é o autoconhecimento. A partir daí saberemos o que investigar no mundo para ter pistas do que nos conduziria a realização de nosso ser. 
René Descartes em sua obra, Discurso sobre o Método, afirma : “Passei a não crer com muita firmeza em nada do que fora inculcado por influência da exemplificação e do costume. E deste modo me libertei (…) de inúmeros erros que podem obscurecer a nossa lucidez...” ou seja, ele determina os seguintes princípios para a descoberta das coisas em si, da seguinte forma: 
a) Ser cético e não tomar nada como certo até que haja evidência de que seja certo; 
b) Dividir os problemas em dificuldades menores; 
c) Ordenar os problemas do mais simples ao mais complicado, até que não existam mais problemas, e sim evidências, conclusões; 
d) Enumerar e revisar as conclusões. 
Daí a pergunta. O que é a marca do seu “EU” no mundo? Você sabe quem realmente é? 

ATIVIDADES

1 — “Existir no mundo para Heidegger o ser humano é essencialmente possibilidade ele pode no ser escolher-se e conquistar-se ou perder-se...” Considerando esta afirmação, faça a interpretação do quadro abaixo.

2 — Sobre o termo “Conhece-te a ti mesmo”, na Filosofia de Sócrates, aplicado de forma efetiva sobre o cotidiano pode afirmar: 
I - O autoconhecimento aprimora nosso senso crítico e passamos a entender, sem ilusões a realidade a nosso redor. 
II - Faz-nos assimilar passivamente as opiniões externas e aplicar no cotidiano da vida tudo que nos é sugestionado. 
III - Traz-nos a apuração crítica, na qual analisamos todos os conhecimentos assimilados e nos provoca sempre mais o nosso aprimoramento pessoal através do senso crítico. 
IV - Induz-nos ao crescimento pessoal, analisando toda estrutura externa a nós, para alcançarmos uma liberdade inicialmente possível.

Neste contexto, as alternativas corretas são:
a) II e IV. 
b) I e II. 
c) II, III, IV. 
d) I, III. IV. 

3 — Ao abrir nossas redes sociais, percebemos uma publicação inusitada que nos traz uma notícia impactante para o nosso dia a dia. Inicialmente, utilizando o método Cartesiano, devemos proceder da seguinte forma: 
a) Acreditar na publicação, pois foi postada por alguém de nossa inteira confiança, logo é verdadeira. 
b) Entender o contexto da publicação e postar aos demais para a ampliação do conhecimento. 
c) Checar a veracidade em todos os aspectos da publicação, observar se a fonte de origem é confiável, verificar a data e outras fontes confiáveis de notícias. 
d) Checar a veracidade, observando apenas os aspectos da publicação que nos interessam e observar se a fonte de origem é popular.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Geografia - Os Cenários da Globalização e Fragmentação.

2º Ano Ensino Médio - Compreensão e produção de texto.

1º Ano Ensino Médio - Noturno - Espelho, espelho meu... como eu me vejo?