3º Ano Ensino Médio - Noturno - Filosofia - Ser e dever Ser.

 O Mundo como vontade de representação em Schopenhauer 

O ponto de partida schopenhaueriano foi a obra de Immanuel Kant, que, segundo Schopenhauer, constituiu um divisor de águas na filosofia que lhe antecedeu, a partir de Descartes. Kant concebe o mundo de uma maneira dualista, apontando dois aspectos da realidade: 
1) aquele suscetível de ser experimentado pelo homem (sujeito), o mundo dos fenômenos, que são, por assim dizer, as coisas tais quais as percebemos (ou seja, uma relação entre sujeito que percebe e objeto percebido); 
2) aquele não suscetível de ser experimentado, a coisa-em-si, incognoscível. 

Crítica a Kant 
Para Kant, a ciência é a chave do conhecimento do mundo da experiência e ela não tem ação fora deste mundo. O que se encontra além dele — a coisa-em-si, seja o que for — jamais será conhecido. 
Schopenhauer compartilha dessa visão dual, mas a critica, considerando que assim leva adiante a concepção kantiana. Para ele, a realidade também consiste em fenômenos e na coisa-em-si. Esta última, porém, não consiste de coisas diferentes. Para existir diferença, é preciso que existam tempo e espaço, mas o tempo e o espaço são categorias que pertencem à concepção humana, ao mundo fenomênico. 
Onde não há tempo nem espaço tudo é indiferenciado e uno. Assim é a realidade da coisa-em-si. Ela também não pode ser causa do fenômeno, pois uma conexão de causalidade só funciona no mundo fenomênico. Desse modo, o fenômeno é, na verdade, uma manifestação da coisa-em-si. 

Vontade e Representação 
Em última análise, a mente e a consciência nos permitem ver a representação da coisa-em-si. Esta, entretanto, não tem nada que ver com a mente ou consciência. É uma força impessoal que Schopenhauer chama vontade. O filósofo emprega este termo porque a Vontade é a experiência direta mais próxima que podemos ter disso. É a Vontade o motor de nossas vidas. 
É importante notar aqui que a coisa-em-si, segundo Schopenhauer, é incognoscível, mas experienciável, no que ele também se afasta de Kant. Por outro lado, o filósofo se aproxima do pensamento oriental, hinduísta e budista, que, pela via religiosa, chega às mesmas conclusões que Schopenhauer chegou: o mundo sensível é uma ilusão (Maya) que mascara uma realidade una e transcendente.

ATIVIDADES

1 — “O mundo sensível é uma ilusão (Maya) que mascara uma realidade una e transcendente.” Em quais momentos de nossas vidas, é evidente perceber as ilusões do mundo sensível e qual é a forma de não nos seduzirmos por elas? 

2 — Observe o trecho a seguir: 
“E nós, nessa condição, enquanto sujeitos do querer, jamais obteremos felicidade e paz. Afinal, todo querer nasce de uma necessidade, de uma carência, de um sofrimento, de uma necessidade do ser. A satisfação põe fim ao sofrimento, mas para cada desejo satisfeito, nascem dez novos, como da Hidra de Lerna, brotam novas cabeças ( Schopenhauer, O mundo como Vontade, o mundo como representação) 
A Vontade é o motor de nossas vidas, logo, a satisfação destas nos conduz ao caminho da felicidade. 

a) Utilizando os princípios Filosóficos, como devemos interpretar as nossas vontades rumo a nossa felicidade? 

b) Qual é o papel da autonomia do pensar no exercício de nossa vontade? 

c) Como a vontade pode ser condicionada por interesses externos a nós e como ela se configura em ferramenta de controle social? 

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