2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Geografia - Produção e organização do espaço geográfico e mudanças nas relações de trabalho, inovações técnicas e tecnológicas e as novas geografias, a dinâmica econômica mundial e as redes de comunicação e informações.
TEMA: Imigração no Brasil
O BRASIL IMIGRANTE
O Brasil é um país de imigrantes. Desde o início da colonização brasileira, o país recebe pessoas de todo
o mundo. Durante os primeiros anos da colonização, essa imigração, ou seja, a vinda de pessoas de outras
partes do mundo para o Brasil, acontecia de forma espontânea. Quando a notícia do “descobrimento” das
Américas espalhou-se na Europa, muitas pessoas vieram para o Brasil para explorar o “Novo Mundo”.
A partir do século XVIII, com a ameaça de invasão espanhola, a imigração para o país passou a ser
incentivada, inicialmente pela Coroa Portuguesa e, depois da independência, pelos governos seguintes. Isso ocorreu tanto como uma forma de ocupação e proteção do território brasileiro, uma vez que,
com uma numerosa população, a Coroa portuguesa teria um controle maior sobre as fronteiras do país,
quanto como uma estratégia de fomento ao desenvolvimento do país, já que, para explorar o território,
era preciso muita mão de obra.
Durante o período colonial, a coroa portuguesa incentivava a imigração oferecendo viagem gratuita,
gado, cavalo, armas, ferramentas, alimentos e terras para milhares de portugueses. Outro fluxo migratório que se iniciou no período colonial foi a migração forçada de negro-africanos para servirem de mão
de obra escrava para o desenvolvimento da economia da colônia. Estima-se que 5,5 milhões de negros
saíram da África para serem escravizados no Brasil. Desses, 4,8 milhões chegaram vivos em nosso país.
Com a pressão inglesa para a libertação dos escravos, que culminou no fim do tráfico negreiro em
1850 e na abolição da escravatura em 1888, houve uma intensificação da imigração para o Brasil, já que
era necessário substituir a mão de obra escrava por assalariada barata, mas que tivesse domínio das
técnicas de produção agrícolas e manufatureiras da Europa. Assim, grandes levas de migrantes entraram no Brasil durante 1850 e 1934 e tiveram grande influência no desenvolvimento econômico e social
do país nesse período. Os principais grupos de migrantes que vieram para o Brasil nesse período foram:
Portugueses: No fim do século XIX, em virtude das difíceis condições econômicas de Portugal,
muitos portugueses vieram para o Brasil, espalhando-se por diversas regiões, principalmente Rio de
Janeiro e São Paulo.
Alemães: A imigração alemã no país começou a partir de 1824 e estendeu-se ao longo do século XX.
A maioria dos migrantes alemães fixou-se em Santa Catarina (Vale do Itajaí), Rio Grande do Sul (Novo
Hamburgo, Estrela, Lajeado e Vale dos Sinos), Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Eles especializaram-
-se na produção de policulturas alimentícias.
Italianos: A imigração de italianos ficou mais consistente a partir de 1870, quando a Itália passava
por conflitos internos, e foi bastante importante para o Brasil, já que eles substituíram a mão de obra
escrava nas fazendas de café e possuíam o conhecimento das técnicas de produção de manufaturas,
fundamentais para a instalação das primeiras indústrias no país. A maior parte dos migrantes italianos
fixou-se em São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Espanhóis: Vieram para o país, em maior número, no final do século XIX e fixaram-se principalmente
em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Sírios e Libaneses: Começaram a chegar ao Brasil no final do século XIX, motivados pelas dificuldades enfrentadas por eles nos seus países de origem. Fixaram-se em São Paulo, Pará, Amazonas, Acre e
no Ceará e desenvolveram, principalmente, atividades comerciais.
Japoneses: Chegaram em maior número a partir de 1908, quando o Japão sofria com um sério problema econômico e grande parte de sua população passava fome. Concentraram-se principalmente
em São Paulo, Paraná, Pará e Mato Grosso do Sul, onde desenvolviam atividades agropecuárias. Foram
responsáveis pela implantação de novas técnicas de cultivo e produção no país.
Com o grande crescimento demográfico das primeiras décadas do século XX, os governos brasileiros passaram a dificultar a vinda de migrantes, visando ao não comprometimento da oferta de emprego
para a população que já vivia no Brasil. Para se ter uma ideia, a Constituição de 1937 previa um sistema
de cotas de migrantes em que só eram aceitos 2% do total de migrantes de cada nacionalidade dos
últimos 50 anos, limitando, assim, drasticamente o acesso dos imigrantes ao país.
Após os anos 2000, com a estabilidade econômica e política, o Brasil tornou-se alternativa para cidadãos tanto de países desenvolvidos como subdesenvolvidos. Eventos como a Copa do Mundo (2014) e
as Olimpíadas (2018) se tornaram um verdadeiro chamariz para a imigração. As principais levas de imigrantes recebidas hoje são de haitianos, bolivianos e refugiados de guerra, como os sírios, senegaleses
e nigerianos. Igualmente, devido à crise na Venezuela, muitos cidadãos desse país estão cruzando a
fronteira, especialmente em Roraima. Entre os asiáticos, chineses e coreanos vêm para abrir comércio
e se estabelecem sobretudo nas cidades.
As portas do país não estão abertas a todos. No entanto, em muitos casos, a entrada se dá de forma
ilegal, principalmente no caso de haitianos e bolivianos.
Segundo estimativas do Ministério da Justiça, o número de estrangeiros legais no Brasil aumentou
cerca de 60%, passando de 960 mil para 1,54 milhão de pessoas de 2010 até 2012. Além disso, cresceu
o número de imigrantes em situação irregular no país. Esses migrantes são originários, principalmente,
dos países vizinhos e vêm em busca de empregos em confecções, comércio, construção civil etc.
Essa intensa migração para o Brasil alterou profundamente a nossa cultura. Quando os portugueses
chegaram ao país, eles não consideraram a cultura dos povos que aqui viviam e impuseram seus hábitos e valores culturais. Com a chegada dos demais imigrantes, novos elementos culturais foram sendo inseridos na cultura brasileira. Atualmente a cultura brasileira é multicultural, isto é, possui elementos
de diversas culturas, tanto dos povos autóctones que viviam no país e que conseguiram perpetuar suas
tradições quanto dos povos que chegaram ao país a partir do início da colonização.
Contribuição do imigrante
No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de
antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços,
com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Outras colônias fundadas em vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em
importantes centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau SC,
estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau; e de Americana SP,
originalmente formada por confederados emigrados do sul dos Estados Unidos em consequência da
guerra de secessão. Imigrantes alemães se radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios
de Teófilo Otoni e Juiz de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa.
Em todas as colônias, ressalta igualmente o papel desempenhado pelo imigrante como introdutor
de técnicas e atividades que se difundiram em torno das colônias. Ao imigrante devem-se ainda outras
contribuições em diferentes setores da atividade brasileira.
Uma das mais significativas apresenta-se no processo de industrialização dos estados da região
Sul do país, onde o artesanato rural nas colônias cresceu até transformar-se em pequena ou média
indústria. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, imigrantes enriquecidos contribuíram com a aplicação de
capitais nos setores produtivos.
A contribuição dos portugueses merece destaque especial, pois sua presença constante assegurou
a continuidade de valores que foram básicos na formação da cultura brasileira.
Os franceses influíram nas artes, literatura, educação e nos hábitos sociais, além dos jogos hoje
incorporados à lúdica infantil. Especialmente em São Paulo, é grande a influência dos italianos na arquitetura. A eles também se deve uma pronunciada influência na culinária e nos costumes, estes traduzidos por uma herança na área religiosa, musical e recreativa.
Os alemães contribuíram na indústria com várias atividades e, na agricultura, trouxeram o cultivo do
centeio e da alfafa. Os japoneses trouxeram a soja, bem como a cultura e o uso de legumes e verduras.
Os libaneses e outros árabes divulgaram no Brasil sua rica culinária.
PARA SABER MAIS
ATIVIDADES
ATIVIDADE 1- Por que dizemos que o Brasil é um país de imigrantes?
ATIVIDADE 2- O senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro foi o primeiro fazendeiro a trazer imigrantes europeus para trabalhar na cafeicultura. Entre os anos de 1847 e 1857, levou para sua fazenda
de Ibicaba, no interior de São Paulo, os primeiros grupos de alemães, suíços e belgas. (Cotrim, Gilberto.
História Global: Brasil e Geral, São Paulo: Saraiva, 2002.p, 389.)
O texto acima discutiu a questão da vinda de imigrantes para o Brasil. Assim sendo, cite e explique o
principal motivo que levou os imigrantes europeus a virem para a América no século XIX.
ATIVIDADE 3- Um dos fenômenos mais característicos da I República no Brasil é a imigração em massa.
Entre 1881 e 1930, houve o ingresso de milhões de imigrantes no país. Os dois grupos mais representativos, em termos numéricos, durante esse período, foram:
a) italianos e portugueses.
b) portugueses e espanhóis.
c) espanhóis e alemães.
d) alemães e japoneses.
ATIVIDADE 4- Descreva como ocorreu a migração africana para o Brasil no período colonial e as contribuições que essa migração geraram para a formação da cultura brasileira.
ATIVIDADE 5- O Brasil tem recebido um elevado número de migrantes haitianos e bolivianos que entram no
Brasil e acabam chegando à cidade de São Paulo. Por que tem tido um crescimento desse fluxo migratório?
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