3º Ano - Ensino Médio - Noturno - Biologia - Energia.
TEMA: Teorias Evolucionistas
FIQUE POR DENTRO DOS CONCEITOS...Fundamentos da Evolução
Biológica
A necessidade de entender a natureza e os seres vivos parece ser inerente à espécie humana: explicações míticas sobre a criação do universo, do mundo e dos seres da natureza estão presentes em todas
as culturas. Com o desenvolvimento do pensamento científico a partir do Renascimento europeu, a
metodologia e os pressupostos da ciência passaram a ser empregados para elaborar teorias científicas
sobre a origem do universo, da Terra e dos seres vivos.
Uma ave faminta precisaria olhar com muita atenção para detectar esta lagarta da mariposa Synchlora
areata, que se mistura bem com as flores sobre as quais ela se alimenta (Figura 01). O disfarce é melhorado pelo instinto da lagarta por “decoração” – ela cola pedaços de pétalas de flores no seu corpo,
transformando-se no seu próprio plano de fundo.
Essa distinta lagarta é membro de um grupo diverso de mais de 120 mil espécies de insetos lepidópteros (mariposas e borboletas). Todos os lepidópteros passam por um estágio juvenil caracterizado por
cabeça bem desenvolvida e várias peças bucais de mastigação: as eficientes e vorazes “máquinas de
alimentação” que chamamos de lagartas. Quando adultos, todos os lepidópteros compartilham outras
características, como três pares de pernas e dois pares de asas cobertas por pequenas escamas. Mas
os vários lepidópteros também se diferenciam uns dos outros. Como pode haver tantas lagartas e borboletas diferentes e o que causa suas semelhanças e diferenças? A lagarta que se auto-decora e seus
vários parentes muito próximos ilustram as observações-chave sobre a vida:
• As maneiras espetaculares pelas quais os organismos se adaptam à vida no seu meio.
• As várias características compartilhadas da vida.
• A rica diversidade da vida.
TEORIAS EVOLUCIONISTAS
A partir de seus estudos e observando a orquídea Angraecum sesquipedale, Charles Darwin imaginou
que deveria existir um inseto que tivesse uma estrutura bucal suficientemente longa para alcançar o
néctar dessa flor. Só depois de algum tempo foi descrita a mariposa-esfinge (Xanthopan morganii praedicta), que se alimenta no nectário dessa orquídea (Figura 02). As teorias científicas, como a teoria da
evolução, permitem-nos elaborar hipóteses baseado em pesquisas, observações e análises.
De acordo com o fixismo, pensamento predominante até o século XVIII, cada espécie teria surgido de
maneira independente e permaneceria sempre com as mesmas características. Esse era o pensamento, por exemplo, de Carolus Linnaeus (1707-1778), conhecido como Lineu, que criou um sistema de classificação dos seres vivos.
Ainda no século XVIII, os fósseis já eram estudados, mas não eram vistos como evidência da evolução.
Atualmente são tidos como fortes evidências das transformações que os seres vivos sofreram ao longo
do tempo. Até mesmo o cientista francês Georges Cuvier (1769-1832), um dos fundadores da paleontologia – ciência que estuda os fósseis (do grego palaios = antigo; ontos = ser; logos = estudo) – era fixista.
No campo da geologia (do grego geo = Terra; logos = estudo), ciência que estuda as características físicas e químicas da Terra e de suas mudanças ao longo do tempo, alguns cientistas contribuíram com
ideias diferentes das do fixismo. Um exemplo foi o geólogo escocês James Hutton (1726-1797), que defendia a ideia de que as mudanças nas espécies podiam ser explicadas por mecanismos graduais, a
exemplo das mudanças que ocorrem ainda hoje na Terra. Esse também era o pensamento do geólogo
escocês Charles Lyell (1797-1875), cujas ideias influenciaram o pensamento de Charles Darwin.
Desde meados do século XVIII, a hipótese de uma transformação das espécies (transformismo ou
transmutação das espécies) passou a ser defendida por alguns cientistas para explicar a diversidade
das espécies e a existência de fósseis de organismos diferentes dos organismos atuais. Essa era a opinião, por exemplo, do médico inglês Erasmus Darwin (1731-1802), o avô de Charles Darwin. No entanto,
até aquele momento, ele e outros defensores da evolução não apresentaram nenhum modelo de como
esse processo teria ocorrido.
B- Lamarckismo
No início do século XIX, o naturalista Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck, ou,
simplesmente, Lamarck (1744-1829), sugeriu um mecanismo para explicar a transformação das espécies.
A tese de Lamarck é expressa com detalhes no livro Philosophie zoologique (Filosofia zoológica), publicado em 1809. Contrariando as ideias fixistas da época, o francês defendia que os organismos atuais
surgiram de outros mais simples e teriam uma tendência a se transformar, gradualmente, em seres
mais complexos. Os seres mais simples, por sua vez, poderiam surgir por geração espontânea e sua
evolução seria, de acordo com Lamarck, guiada por necessidades internas dos organismos.
Atualmente, Lamarck é menos reconhecido por ter sido um evolucionista que se opunha às ideias fixistas de sua época, do que por ter defendido duas leis que explicam os mecanismos de transformação
dos seres vivos: a lei do uso e desuso e a lei da herança das características adquiridas. Vale lembrar
que, na época de Lamarck, era comum a crença nessas leis, que, além de não terem sido criadas por ele,
tinham um papel secundário em sua teoria.
Seu trabalho de 1809 tem uma composição teórica ampla sobre a progressão dos seres vivos. Porém,
apenas duas leis, dentro dessa rede teórica, acabaram recebendo um destaque maior. São elas:
- Desenvolvimento e atrofia de órgãos pelo uso e pelo desuso: o uso de determinadas partes do corpo
faz com que elas se desenvolvam e o desuso faz com que elas se atrofiem. - Lei do uso e desuso
- Herança dos caracteres adquiridos: as características que os indivíduos adquirem em sua vida são
passadas aos descendentes. Ele não se preocupou em explicar como ocorre o processo de herança. Na
época, os conhecimentos de genética eram rudimentares e ele simplesmente se deteve em dizer que
há herança de caracteres adquiridos sem explicar como ocorre a herança. - Lei da transmissão dos
caracteres adquiridos
Um dos exemplos mais clássicos dessas leis é a herança do pescoço da girafa (Figura 03). Reproduzimos aqui o trecho da obra de Lamarck em que isso é relatado:
“A girafa vive em lugares onde o solo é quase invariavelmente seco e sem capim. Obrigada a comer
folhas e brotos no alto das árvores, ela é forçada, continuamente, a se esticar para cima. Esse hábito,
mantido por longos períodos de tempo por todos os indivíduos da raça, resultou nas pernas anteriores
mais longas que as posteriores e o pescoço tão alongado que a girafa pode levantar a cabeça a uma
altura de 5 metros, sem tirar as pernas anteriores do solo.”
Texto extraído de Biologia, Parte I. São Paulo: edart, 1970. p. 39.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO: MITOS DA CRIAÇÃO
A origem do universo e dos diferentes seres vivos tem sido buscada pelo homem desde sempre. Ao
longo da existência humana, diferentes ideias surgiram para explicar esses eventos, nos mais diversos
povos. Abaixo, alguns mitos que explicam esses fenômenos. É importante destacar que não são comprovados cientificamente.
A Teogonia (O nascimento dos Deuses), poema épico atribuído ao grego Hesídio (século VIII a.C.), conta
que no princípio reinava Caos, o deus primordial, imerso nas águas e sozinho nas trevas. Um dia, cansado da solidão, Caos, resolveu criar o mundo, representado em diversos deuses: Gaia, a Terra; Eros,
o amor; tártaro, o mundo inferior; Érebo, a escuridão do espaço; e Nix a noite. Gaia gerou sozinha três:
Urano, o firmamento; Ponto, as águas; e Óreas, as montanhas. Mais tarde, Gaia casou-se com Urano e
um de seus filhos – Cronos, o tempo – tornou-se um dos deuses mais poderosos, antes do reinado de
Zeus, a divindade suprema para os gregos.
Para os antigos egípcios, no começo o mundo não passava de imenso rio de águas turvas em borbulhantes caos, representado pelo deus ancestral Nun. Das profundezas das águas, do caos primordial de
Nun, nasceu Aton. Ao surgir das águas, Aton manifestou-se na forma de uma flor de lótus, do interior da
qual emergiu Rá, o deus-Sol. Este gerou dois filhos: Sh, deus do ar, e Tefnut, representação da umidade
e das águas. Juntos, esses dois filhos criaram Geb, a terra, e Nut, o céu.
Uma das versões bíblicas da criação do mundo afirma que no início havia somente água, sobre a qual
pairava o espírito de Deus. Então Deus soprou a superfície líquida e surgiu a luz, que passou a iluminar
as trevas. isso ocorreu no primeiro dia da criação. No segundo dia, Ele criou o céu; no terceiro, a fertilidade do solo e as plantas, inclusive as frutíferas. No quarto dia, Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas,
colocando-os em seus devidos lugares no firmamento. No quinto dia, foram criados peixes na água,
aves no céu. No sexto dia, Deus povoou a Terra com todas as espécies de animais e criou o homem à sua
imagem e semelhança. No sétimo dia, descansou.
A civilização inca, que floresceu nos Andes antes da chegada dos europeus, acreditava que o Sol e a Lua
eram ancestrais diretos dos seres humanos.
Os antigos povos vikings, entre seus muitos deuses, atribuíam a Odin a criação do primeiro homem e da
primeira mulher a partir de dois troncos de árvores que encontrou ao caminhar por uma praia.
Segundo a mitologia Guarani, povo indígena da América do Sul, com a ajuda da deusa da Lua Jaci (ou em
outras versões, Araci), Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Areguá, no
Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Tupã,
então, criou a humanidade em uma cerimônia muito elaborada, formando estátuas de argila do homem
e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.
A deusa Nü Wa, que tem a particularidade de poder alterar a sua aparência setenta vezes por dia, desempenhou um papel muito importante na visão chinesa da criação do mundo. O mito conta que, um
dia, passeando pelo deserto mundo primitivo, ela se sentiu só. Cansada do seu longo passeio, sentou-
-se à beira de um lago, que refletiu o seu rosto e todo o seu corpo, e todos os seus movimentos e expressões. Nü Wa concluiu que, na verdade, existiam diversas coisas que viviam no seu mundo, mas que nada
igualava a sua própria forma de vida. Enquanto pensava, pegou com as suas mãos um pouco de lama da
beira do lago começando inconscientemente a amassá-la, surgindo-lhe o perfil, a forma de um ser, mas
o mais importante aconteceu quando, ao colocar aquela massa modelada sobre a terra, repentinamente, ela se tornou viva. Radiante, ela batizou aquele ser como “humano”, continuando a produzir esses
seres que a tiraram da solidão em que antes se encontrava, no mundo terrível do caos.
Para os Iorubás, grupo étnico do atual território da Nigéria, o deus do céu Olorum mandou seu filho Obatalá aqui para baixo com a missão de criar a Terra. Na bagagem, um saquinho de terra e uma galinha de
cinco dedos. Obatalá tirou a terra do saquinho, a espalhou na água e assim formou o solo. Então, botou
a galinha no chão e ela, como boa galinha, saiu por aí ciscando. Cada arranhão no chão criou um vale ou
uma colina da África. Com a base formada, Obatalá começou a criar os homens usando argila. Depois,
fundou Ife, a primeira cidade dos Iorubás. De uma palmeira, presente precioso de Olorum, os primeiros
humanos tiraram o suco, o óleo e as nozes, a base para a sobrevivência dos homens.
PARA SABER MAIS...
ATIVIDADES
01- (UERJ-Adaptada) Leia o texto abaixo e responda.
CAVERNA DA ROMÊNIA ABRIGA ANIMAIS QUE VIVEM SEM AR
(...) Ela é formada por conjuntos de corredores extremamente estreitos. Em alguns deles não há oxigênio. Os pesquisadores disseram que as espécies encontradas são muito resistentes e sobrevivem com
quantidades de ar fatais para outros seres vivos.
(O GLOBO, 26/12/96)
Se afirmamos que as espécies que viviam na caverna começaram a sofrer adaptações para conseguirem sobreviver sob as novas condições, estamos fazendo alusão a uma teoria evolutiva. Cite o nome
desta teoria e justifique sua resposta.
02 – (UFPR) O hábito de colocar argolas no pescoço, por parte das mulheres de algumas tribos asiáticas,
promove o crescimento desta estrutura, representando nestas comunidades um sinal de beleza.
Desta forma temos que as crianças, filhos destas mulheres já nasceriam com pescoço maior, visto
que esta é uma tradição secular.”
A afirmação acima pode ser considerada como defensora de qual teoria evolucionista:
A) Teoria de Mendel.
B) Teoria de Darwin.
C) Teoria de Wallace.
D) Teoria de Malthus.
E) Teoria de Lamarck
03 – (UNICAMP-SP - Adaptada) - A evolução biológica é tema amplamente debatido e as teorias
evolucionistas mais conhecidas são as de Lamarck e Darwin, a que remete a tira do Calvin abaixo.
Tradução:
Quadro 1: Uma das criaturas mais peculiares da natureza, a girafa está singularmente adaptada ao seu
ambiente.
Quadro 2: Sua tremenda altura lhe permite mastigar os suculentos petiscos mais difíceis de alcançar.
Quadro 3: Biscoitos.
Como a altura da girafa, lembrada pela tira do Calvin, foi utilizada para explicar a teoria de Lamarck?
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