3º Ano - Ensino Médio - Noturno - Sociologia - Estatuto da Juventude.
OCUPANDO ESPAÇOS E CONQUISTANDO DIREITOS
Em 2015, estudantes secundaristas ocuparam 200 escolas no estado de São Paulo, pressionando e impedindo o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, de fechar 93 dessas escolas. A palavra de ordem dos
jovens era “Ocupar e resistir”! Tal “movi” (movimento) influenciou, no ano seguinte, diversas organizações de estudantes pelo país, em defesa de direitos sociais ameaçados pela PEC 241/55. Essa ficou
também conhecida como “PEC do teto de Gastos” e “PEC do Fim do Mundo”, uma vez que indicava congelar por 20 anos os investimentos em Educação e Saúde. Oi? Calma, vou explicar melhor. As PECs são
Projeto de Emenda à Constituição, ou seja, alterações na nossa lei (tal emenda à constituição, 241/55,
foi proposta pelo ex-presidente Michel Temer, do MDB, e aprovada em 2016). Entendeu melhor?
Esses são apenas dois exemplos de como as juventudes, ao contrário do que diz o senso comum, se
importam e atuam diretamente nas decisões políticas, questionando medidas governamentais que vão
contra o seus interesses como cidadãos. Nos casos descritos acima, na ocupação de escolas, institutos federais e universidades, é possível afirmar que os jovens envolvidos experimentaram a autonomia
na participação social e política. Ou seja, puderam aprender sobre formas de conquistar seus direitos e
mostraram para a sociedade e para os governos que a frase: "Jovem não quer nada da vida", não passa
de um preconceito.
Quais são as Formas de participação das juventudes?
Na política, de forma individual e, sobretudo, na relação com outras pessoas, demarcamos posicionamentos, desenvolvemos questionamentos, construímos ideias e mudanças e existem formas distintas de fazer isso. Está presente no senso comum o pensamento de que o jovem, para ser ativamente
político, deve seguir o estereótipo do militante dos anos 60, ou seja, fazendo parte do grêmio escolar
ou do partido político. A atuação das juventudes em espaços tradicionais de atuação política, como
os citados, é legítima e fundamental, mas não podemos limitar a ideia de participação juvenil apenas
à filiação dos jovens a esses grupos. Essas generalizações devem ser contestadas e desconstruídas,
pois existem várias formas de atuação política das juventudes, as quais nem sempre são reconhecidas
como tal. Talvez você, mesmo sem saber e ser reconhecido por isso, participa de grupos que interferem
diretamente nas dinâmicas sociais de sua comunidade e assim atuam diretamente na política local .
A participação juvenil em movimentos culturais e demanda por esporte e lazer exemplifica e apontam
outras vias de construir a política. O movimento hip hop, os coletivos culturais, de proteção ao meio
Ambiente, os grupo de jovens nas igrejas, organização de times de futebol ou outras práticas esportivas, grupos que lutam contra a discriminação e a violência e tantas outras experiências espalhadas
pelo Brasil são evidências da diversidade da participação social e política da juventude fora do espaço
delimitado pela política institucional.
Ocupa tudo: inclusive a religião
As religiões desempenham um papel na vida social? O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) defendeu
a tese que sim, inclusive se dedicou ao estudo das religiões com o propósito de compreender a sociedade
(entre os séculos IX e XX). São inúmeras as experiências de juventudes ligadas a grupos religiosos das
mais diversas expressões religiosas (católicos, evangélicos, espíritas, candomblecistas, umbandistas
entre outros) que se organizam para fazer frente aos diversos problemas sociais enfrentados por suas
comunidades.
A partir dessa visão, citamos o “movi” Juventude Vicentina, construído por jovens ligados à igreja
católica em diversas localidades do mundo, com o objetivo de aproximar a Sociedade de São Vicente de
Paulo (SSVP) da realidade social. Como a sociedade, tal movimento social religioso é complexo, sendo
composto por jovens que agem a partir de distintas ideologias e perspectivas. Parte destes desafiam,
inclusive, a própria estrutura religiosa conservadora que integram.
O jovem M., do movimento, que também constrói a pastoral LGBTQIA+ em Belo Horizonte afirma:
“nossa percepção sobre a pobreza é outra, envolve uma dimensão religiosa, mas também um processo
histórico, é a partir dessas ideias que nós do “Vicentinar” acolhemos as pessoas em situação de rua e
as pessoas das nossas comunidades”. Esses jovens promovem ações, como a formação para indicar os
serviços do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Através do Centro de Referência Especializado
de Assistência Social (CREAS) e Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o SUAS oferta
serviços de proteção básica às pessoas que se encontram em vulnerabilidade social, encaminhando
outras políticas públicas como a ID-Jovem.
Curiosidade: Você sabia que através da mobilização das juventudes os jovens do Brasil conquistaram
o direito de viajar “0800” por todo território nacional? É isso mesmo! Se informe sobre os benefícios
que a ID-Jovem oferece a juventude, no CRAS mais próximo da sua casa.
É possível ocupar o Estado?
Todos nós nascemos integrados em uma organização social que nos impede de visualizar outros
modos – talvez mais autônomos, autogestionáveis – de viver e conviver em sociedade. Mesmo que essa visualização aconteça por parte de alguns indivíduos ou grupos, constantemente é impedida pela
presença ou ausência do Estado. Desafiando essa realidade, as juventudes do campo e da cidade têm
ocupado as conferências da juventude, (organizadas a partir das etapas municipal, estadual e nacional),
pautando políticas públicas para interferir sobre suas realidades. As lutas pela terra, trabalho e
educação, são compreendidas por esses jovens como essenciais para uma vida com dignidade. Ocupar
espaços, então, é um modo de construir a política e conquistar direitos!
Curiosidade: Você já participou da conferência municipal de juventude da sua cidade? Ou já se informou sobre o processo necessário para construir uma? Saiba que a partir dela pode inclusive ser
eleito(a) um(a) representante e, consequentemente, participar das etapas estadual e nacional?
PARA SABER MAIS
ATIVIDADES
A partir do estudo dos textos que compõem o PET V, propomos um exercício de escrita criativa. Imagine
que você é candidato(a) à prefeitura de sua cidade e irá escrever uma carta direcionada ao público juvenil, com propostas voltadas aos direitos dos jovens. Para criar seu plano de políticas públicas, reflita
sobre sua realidade, levando em conta aquilo que poderia existir em seu município. Suas propositivas
podem abranger diversas áreas ( educação, cultura, saúde, renda, mobilidade urbana, entre outras).
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