1º Ano - Ensino Médio - Noturno - Sociologia - A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade.

Seguindo nossos estudos sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade, continuaremos a entender as perspectivas sociológicas clássicas, dessa vez com o sociólogo Max Weber e seu conceito de ação social. Ao contrário de outros pensadores da Sociologia, Weber acreditava que a sociologia deveria se concentrar na ação social e não nas estruturas. Posteriormente dialogaremos também sobre Karl Marx e o conceito de classe e sua relação entre indivíduo e sociedade.


O CONCEITO DE AÇÃO SOCIAL E A EXPLICAÇÃO 
DA RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE 
Helder Augusto Ferreira Rocha 

Para Weber a sociedade existe porque é vivenciada e entendida por indivíduos racionais que tomam suas decisões conforme sua história e cultura. As normas sociais que Durkheim entendia como fatos sociais, de acordo com Weber, existem somente por causa do sentido atribuído a elas, pelos indivíduos, pois elas não têm valor em si mesmas. 
A sociedade é moldada pelo conjunto de decisões de muitas pessoas, que reconhecem essas regras, atribuem-lhes sentido e manifestam as razões para obedecê-las de forma consciente. Mas nem todas as decisões tomadas pelas pessoas ao mesmo tempo podem ser consideradas exemplos de ação social, para isso é necessário que se relacionem as decisões tomadas pelos demais indivíduos. 
A ação social é diferente de um simples comportamento aleatório, pois carrega um sentido a ela atribuído pelo indivíduo. Pode ser definida como toda ação realizada pelos indivíduos levando em conta a expectativa de outra ação dos demais. 

TIPOS FUNDAMENTAIS DE AÇÃO SOCIAL: TRADICIONAL, AFETIVA E RACIONAL 

Na construção de uma teoria da ação social, a observação da realidade levou a identificação de quatro tipos fundamentais de ação social que orientam a explicação das causas dos fenômenos sociais: 
Ação tradicional: é motivada por um hábito arraigado ou por um costume. Exemplos de ações que acreditamos que você faz ou já fez, cumprimentar as pessoas com aperto de mão, pedir a benção a familiares, se benzer ao passar em frente a uma igreja. Já se perguntou por que realiza essas ações? De modo simples você responderia que faz por costume, porque foi ensinado assim (processo de socialização). 
Ação afetiva: é determinada por afetos ou estados emocionais. Um exemplo poderia ser imaginar um indivíduo que reage a uma agressão ou ofensa de maneira igualmente agressiva. Uma reação momentânea inesperada, que poderia ser outra, em outro contexto. 
• Ação racional: 
A) orientada a valores: é determinada pela crença consciente em um valor importante para o indivíduo, sem considerar as consequências das ações em defesa desse valor. Um bom exemplo seria alguém que aja conforme sua convicção política e, ao defender suas ideias em uma manifestação pública, desencadeia uma repressão que, na prática, vai contra seu objetivo. Apesar dos efeitos contrários ao que o indivíduo espera, a ação foi racionalmente elaborada. O autor refletiu suas consequências positivas e negativas, mas a orienta conforme seus valores, e não pode abrir mão, independente dos resultados. 
B) orientada a fins: é determinada pelo cálculo racional que estabelece fins objetivos e organiza os meios necessários para alcançá-los. Um bom exemplo é a estratégia de um jovem para conseguir uma boa nota no ENEM. Ele define as ações necessárias para alcançar seu objetivo, organiza-as racionalmente, colocando na balança prós e contras para sua realização, escolhendo a estratégia de ação mais eficiente para alcançar sua meta. 
A sociedade nessa perspectiva é resultante das relações construídas pelos indivíduos com base no sentido que eles atribuem a elas. Toda a estrutura social só funciona porque os indivíduos apostam suas crenças nela. Dessa forma, a sociedade não existe como um fim em si mesma, nem pode ser tida como uma estrutura que se organiza de forma independente do “querer” dos seus agentes, mas sim, como expressão histórica dos valores e da racionalidade dos indivíduos que a compõe. 
Por fim, as leis, por exemplo, (estrutura legal), só existem porque os indivíduos no processo de interação social, entendem a necessidade de se estabelecer regras comuns para suas condutas. 

O CONCEITO DE CLASSE SOCIAL E A RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE 

O objeto de estudo da Sociologia nem sempre é a relação entre indivíduo e sociedade. Se a estrutura social se apresenta individualmente, e se a ação social consciente dos indivíduos direciona determinada organização social, também é possível entender a sociedade como um todo, formado pelas ações individuais, limitadas por condições históricas específicas. 
Seguindo essa perspectiva, os indivíduos só podem ser pensados em relação ao que produzem materialmente, e a sociedade, compreendida como resultado da ação recíproca entre os indivíduos. Quem definiu as bases para o entendimento da Sociologia considerando os aspectos materiais e históricos que ligam o indivíduo à sociedade foi o filósofo Karl Marx. Para ele os indivíduos constroem sua própria história, mas não a fazem como querem, mas de forma limitada pelas condições materiais e históricas de sua existência. 
Tanto suas ações, como a estrutura social em que os indivíduos estão inseridos, são resultantes de determinada situação histórico-social. Fazendo uma análise da organização da produção nas sociedades modernas capitalistas na Europa do século XIX, Marx chamou atenção para o fato de que a posição social dos indivíduos estava determinada por sua relação com os meios de produção
Dessa forma, ou eram os proprietários dos meios de produção (donos das terras, máquinas, fábricas), denominados burguesia, ou eram trabalhadores, denominados proletariado. Essa separação seria o elemento fundamental para determinar a divisão da sociedade em grupos com interesses antagônicos, as classes sociais. Um exemplo dessa oposição de interesses seria, o dono de uma indústria quer lucrar, logo para ele quanto menos gastar com a produção, melhor. Quanto menos pagar seus funcionários, maior seu lucro. Já os trabalhadores querem uma vida digna, um salário que sustente sua família, tempo livre para o descanso e o lazer. Direitos que tendem a reduzir o lucro do patrão. Por isso o choque de interesses. 

KARL MARX (1818-1883). 


Para Marx, classe social pode ser definida como a posição que um grupo de indivíduos ocupa no processo de produção, como donos dos meios de produção, ou como produtores (trabalhadores). Seguindo essa perspectiva, a propriedade privada dos meios de produção seria a maior causa da dominação de uma classe sobre a outra no decorrer da história, baseada na exploração do trabalho. Se o trabalhador nada tem além de sua força de trabalho, está submetido ao poder de seu patrão.
Marx estabeleceu uma teoria orientada pela ideia de conflito, definindo a classe social como seu objeto de estudo, que permite refletir a relação entre indivíduo e sociedade de modo recíproco. Os homens produzem sua vida por meio das relações de produção, e as leis existem para garantir o controle e a continuidade dessas relações em determinado momento histórico. 
Marx buscou evidenciar como os antagonismos entre classes, tidos como o motor da história, poderiam levar a grandes transformações, acreditando na emergência de uma sociedade sem classes, em que a propriedade dos meios de produção seria coletiva, e não privilégio de uma pequeno grupo. Mas para que isso acontecesse seria necessária a tomada de consciência por parte dos trabalhadores e sua organização, para superação do conflito que os mantêm em situação de opressão. 
Chegamos ao final da nossa quarta semana de estudos e podemos entender como o conceito de ação social de Max Weber e o de classe social de Karl Marx se relacionam com a sociedade, e como também são importantes para compreensão da sociedade em que vivemos. Agora é hora de dedicar um tempo à resolução das atividades desta semana. 

ATIVIDADES 

01 – (CONSULPLAN 2018) “[...] o conceito de classes sociais não é definido imediatamente e de forma a-histórica e, depois, encaixado na realidade. Na verdade, ele parte da realidade, do processo histórico de engendramento das classes, seu desenvolvimento e tendência para superação, nas relações sociais reais, concretas, no processo da história da humanidade. Dessa forma, o conceito de classes sociais deve ser entendido como expressão de uma determinada realidade, que é histórica e uma totalidade.”.
 (Viana, 2012, p. 21-22.).



Para Weber a vida em sociedade é caracterizada por situações assimétricas que estabelecem certos conflitos sociais. Já em Marx, as classes sociais, referências centrais em sua obra: 
A) estabelecem relações de exploração e dominação que vão além de uma leitura puramente econômica. 
B) inexoravelmente destinadas (todas elas) a produzirem e, por conta disso, exercerem o protagonismo político e social.
C) destinam-se, através das revoluções, a estabelecerem um modo de produção sem divisões de classe, ou seja, o comunismo. 
D) caracterizam a sociedade pós-moderna formando um aglomerado de pessoas, com objetivos comuns, mas sem ideologias semelhantes. 

02 – (FADESP 2017) Max Weber assevera que: 
A) as estruturas sociais expressam a visão individual. 
B) basta analisar uma sociedade para entender as demais. 
C) as estruturas das sociedades são interpretadas a partir de concepções coletivas. 
D) é possível interpretar a sociedade, levando-se em consideração as ideias coletivas e individuais. 

03 – Faça uma breve análise do conceito de classe social de Karl Marx, através de elementos da sociedade atual.

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