2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Filosofia - Liberdade e determinismo.

Texto 1 
Diógenes 
“Os piores escravos são aqueles que estão constantemente servindo as paixões.” 

 Diógenes de Sinope (em grego antigo: Διογενης ο Σινωπεμς; Sinope, 404 ou 412 a.C. – Corinto, c. 323 a.C.), também conhecido como Diógenes, o Cínico, foi um filósofo da Grécia Antiga. Os detalhes de sua vida são conhecidos através de anedotas (chreia), especialmente as reunidas por Diógenes Laércio em sua obra Vidas e Opiniões de Filósofos Eminentes.
Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante os valores da sociedade da qual fazia parte. Desprezava a opinião pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Reza a lenda que seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e autossuficiência perante o mundo), sendo ele conhecido também, talvez pejorativamente como kinos, o cão, pela forma como vivia. 
A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria, pois isto impedia a autossuficiência. A virtude - como em Aristóteles - deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude.
Diógenes é tido como um dos primeiros homens (antecedido por Sócrates com a sua célebre frase “Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo.”) a afirmar, “Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular”, manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo. 
Muitas anedotas sobre Diógenes referem-se ao seu comportamento semelhante ao de um cão, e seu elogio às virtudes dos cães. Não é sabido se o filósofo se considerava insultado pelo epíteto “canino” e fez dele uma virtude, ou se ele assumiu sozinho a temática do cão para si. Os modernos termos “cínico” e “cinismo” derivam da palavra grega “kynikos”, a forma adjetiva de “kynon”, que significa “cão”. Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão. Este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre em que lugar dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade. 
A associação de Diógenes com os cães foi rememorada pelos Coríntios, que erigiram em sua memória um pilar sobre o qual descansa um cão entalhado em mármore de Paros. 
Fonte: Disponível em: . Acesso em: 30 setembro de 2020. 

Texto 2 


Cântico é o título da obra ficcional de Ayn Rand. A história se passa em uma sociedade que aboliu completamente o conceito do “Eu”. Ali, dizer “eu” tornou-se um crime gravíssimo, tendo como consequência certa a punição por severas penas. A autora esclarece que, no conto, a individualidade foi substituída pela coletividade, onde todo o vocabulário, e até mesmo todo o pensamento, destruiu a figura do “eu” e admite apenas a presença do “nós”.
Nas primeiras linhas do livro a personagem principal é apresentada ao leitor: “Nosso nome é Igualdade 7-2521, tal como está escrito em nosso bracelete de ferro, que todos os homens carregam em seu pulso esquerdo com seu nome gravado. Nós temos vinte e um anos de idade. Temos um metro e oitenta e dois de altura e isso é um fardo, pois não existem muitos homens com um metro e oitenta e dois de altura. Os Professores e os Líderes sempre olham para nós de sobrancelhas franzidas, e dizem: “há maldade em seus ossos, Igualdade 7-2521, porque seu corpo cresceu para além dos corpos dos seus irmãos”. O próprio personagem refere a si mesmo na terceira pessoa, usando o pronome “nosso”, ao invés de “meu”. 
O livro ainda apresenta instituições que coordenam as vidas de todas as pessoas, como por exemplo o Conselho de Vocações, que define a profissão que cada um deve exercer (independentemente de sua preferência pessoal); o Palácio do Conselho Mundial, um órgão que detém o domínio da verdade e que define os valores e as regras que todas as pessoas devem crer e seguir. Para os jovens, ainda há o Lar dos Estudantes, onde “Nós nos levantávamos quando a grande campainha tocava na torre, e voltávamos para nossas camas quando ela tocava novamente. Antes de tirarmos nossas roupas, paramos no grande salão de dormir, erguemos nosso braço direito e dizemos conjuntamente com três professores: Não somos nada. A humanidade é tudo. Pela graça de nossos irmãos estamos autorizados a nossas vidas. Existimos por meio de, para e graças a nossos irmãos – que são o Estado. Amém”. 
O livro segue apresentando uma realidade em clima de distopia, em que as pessoas deixam de pensar e agir por si mesmas para subordinarem suas vidas a regras de condutas estabelecidas para todos, sem distinção – e sem suas participações na elaboração das leis. As consequências maléficas dessa planificação social é tema central da obra de Ayn Rand, que acusa frontalmente a ideia de tornar todos “iguais”, seja por meio da doutrinação ou até mesmo da coerção. 
Para a autora, ser “livre” dentro de regimes aos moldes do fascismo, socialismo e nazismo é como um pássaro que tem a ilusão de que a gaiola é um sistema de proteção que o dono lhe oferece sob a falácia de que o pássaro preso é bom para ambos. Enquanto o pássaro recebe comida e “segurança”, o dono desfruta do seu canto como pagamento. 
RAND, Ayn. Cântico. Campinas, SP : Editora Vide Editorial, 2015

ATIVIDADES 

01 – Qual das frases se refere ao pensamento cínico? 
A) Apreender a viver com o necessário e não fazer do desnecessário algo necessário. 
B) Valorizar a razão e a cultura, pois esses são fundamentais para a vida humana. 
C) A razão é a base para a vida humana. 
D) A essência do homem é a sua alma, essa é racional e virtuosa. 
E) Apreender a viver com o necessário natural e cultural. 

02 – Os cínicos podem ser chamados de cães. Qual alternativa abaixo não justifica tal designação? 
A) Por causa da indiferença de seu modo de vida, pois fazem um culto à indiferença e, assim como os cães, comem e fazem amor em público, andam descalços e dormem em banheiras nas encruzilhadas. 
B) Porque o cão é um animal sem pudor, e os cínicos fazem um culto á falta de pudor, não como sendo falta de modéstia, mas como sendo superior a ela. 
C) Porque o cão é um bom guarda e eles guardam os princípios de sua filosofia, os valores naturais e necessários para a vida. 
D) Porque o cão é um animal exigente que pode distinguir entre os seus amigos e inimigos. Portanto, eles reconhecem como amigos aqueles que são adequados à filosofia, e os recebem gentilmente, enquanto os inaptos são afugentados por ele, como os cães fazem, ladrando contra eles. 
E) Porque o cão é um animal domesticado e que pode viver entre os homens, aceitando assim, a sua cultura. 
Fonte: Disponível em: . Acesso em: 30 setembro de 2020.

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