2º Ano - Ensino Médio - Noturno - Geografia - Organização e distribuição mundial da população, os grandes movimentos migratórios atuais e os movimentos socioculturais e étnicos, as novas identidades territoriais.
TEMA: CICLOS ECONÔMICOS DO BRASIL
O QUE SÃO OS CICLOS ECONÔMICOS DO BRASIL?
Do ponto de vista econômico, podemos dividir a História do Brasil em ciclos, de acordo com a atividade
econômica principal de determinados períodos.
Os principais ciclos econômicos do Brasil, partindo da colonização até o início do século XX, são: o ciclo
do pau-brasil, do ouro, da cana-de-açúcar, do café, do algodão e da borracha.
É importante salientar que, mesmo estudado separadamente, a delimitação dos períodos de início e
término de cada ciclo, as atividades econômicas continuaram a ser desenvolvidas mesmo quando não
eram determinantes para a economia do país.
Ciclo do Pau-Brasil
O Ciclo do Pau-Brasil tem seu período de duração entre os anos de 1500 e 1530. Inicia-se o com o descobrimento do Brasil. Essa foi a primeira atividade de exploração do território brasileiro realizada pelos
portugueses, que chegaram no novo território em busca de metais preciosos.
O Pau-Brasil era uma árvore abundante no território brasileiro. Uma árvore nativa da Mata Atlântica, que
libera uma resina vermelha, a qual os portugueses usavam para tingir tecidos. A madeira dessa árvore
era usada para construção de inúmeros objetos.
Para viabilizar a implementação da exploração do Pau-Brasil, os portugueses negociaram com as populações indígenas o corte e transporte da madeira. O serviço era realizado mediante escambo com
objetos e armas desconhecidos pela população nativa. Contudo, tempos depois, eles resolveram potencializar os lucros e começaram a escravizar as populações indígenas.
O declínio do ciclo do Pau-Brasil, está associado com os conflitos gerados com a tentativa de escravização dos indígenas, a madeira que fora demasiadamente explorada começou a apresentar sinais de
extinção e além disso, o açúcar já possuía grande valor no mercado europeu.
Assim foi o fim do ciclo do Pau-Brasil, para dar início ao ciclo da cana, que já era cultivada por eles em
outras regiões do mundo.
Ciclo da Cana-de-açúcar
O Ciclo da Cana-de-açúcar compreende à segunda metade do século XVI e o final do século XVII. A atividade agrícola ficou concentrada na região Nordeste do país, onde foram instalados os engenhos de
cana-de-açúcar. Bahia e Pernambuco foram os principais centros de produção e onde acontecia a vida
social, política e econômica da Colônia.
Nesse período a cana-de-açúcar se tornou o principal produto da economia da Colônia Portuguesa.
O sucesso desse ciclo no território brasileiro está diretamente ligado com a valorização do açúcar no
mercado europeu. As técnicas de plantio da cana já eram dominadas pelos portugueses, que cultivavam o produto em outras colônias.
A mão-de obra utilizada era a escrava africana, posto que os índios foram acometidos por diversas
doenças e, os que sobreviveram a essa exploração, tentavam fugir. Como conheciam bem melhor o território, os portugueses tinham dificuldade de encontrá-los e foi assim que começou o tráfico negreiro
e o transporte dos escravos africanos. O açúcar, nesse momento, foi o principal produto de exportação,
tendo como principais características: a produção a base do sistema plantation, da monocultura, os
latifúndios, o uso de mão-de-obra-escrava e a produção voltada para o mercado externo.
Em 1640, quando Portugal se viu livre do domínio Espanhol, o Brasil já não era importante no mercado
mundial de açúcar. A produção de outras colônias europeias, principalmente das Antilhas, havia superado a produção brasileira, por encontrar mais facilidade no mercado europeu.
Durante todo o século XVII o Brasil tentou recuperar a produção, mas nada conseguiu. Com isso, findava
o ciclo da cana-de-açúcar e a Colônia entrou numa estagnação com relação à metrópole, que só terminou no início do século XVIII, quando começava o ciclo do ouro.
Ciclo do Ouro
O Ciclo do Ouro significou o ápice da economia brasileira no período colonial. A atividade de mineração
no Brasil tem início no final do século XVII, com a descoberta das primeiras minas na região sudeste, principalmente no estado de Minas Gerais, e posteriormente encontradas jazidas em Goiás e Mato
Grosso. Nesse período, o Nordeste perde a centralidade que tinha durante o Ciclo da Cana-de-açúcar,
e agora as atenções se voltam para a região Sudeste. Mais uma vez todas as riquezas encontradas no
país são direcionadas para a Europa. O trabalho escravo ainda se constitui como a mão de obra para o
desenvolvimento da atividade econômica.
A Coroa Portuguesa cobrava altos impostos sobre o minério extraído, os quais eram taxados nas Casas
de Fundição, onde as pedras eram derretidas e transformadas em barras e recebiam um selo que daria legitimidade para ser negociada, pois haviam desvios e sonegação que, quando descobertos, eram penalizados duramente. Os principais mecanismos de controle foram:
• Quinto: 20% de toda a produção do ouro caberia ao rei de Portugal;
• Derrama: uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano que deveria ser atingida como
meta pela colônia, caso contrário, penhoravam-se os bens dos senhores de lavras;
• Capitação: imposto pago pelo senhor de lavras por cada escravo que trabalhava em seus lotes.
Os altos impostos, as taxas, as punições e os abusos de poder político exercido pelos portugueses sobre o povo que vivia na região e no Brasil como um todo, gerava conflitos que culminaram em várias
revoltas e, junto desse crescimento econômico, houve um crescimento demográfico no país, caracterizado pela pobreza e desigualdade.
O declínio do Ciclo do Ouro inicia-se com insatisfação populacional perante as realidades socioeconômicas da época, o que culminou em movimentos pró independência, tendo como exemplo a Inconfidência Mineira (1792), considerado um dos mais importantes movimentos, que tinha como objetivo
principal a libertação da Colônia e se concluiu com o esgotamento das jazidas minerais.
Ciclo do Algodão
Com o esgotamento das minas de ouro no país, o algodão (chamado de “ouro branco”) passa a ser um
dos principais produtos de exportação a partir do século XVIII e até o início do século XIX. A Revolução
Industrial, em especial na Inglaterra, cria uma enorme demanda por matéria prima para suprir a indústria têxtil. A produção brasileira se concentra nos estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Ceará.
Essa fase é chamada de Renascimento Agrícola. Isso porque muitos produtos tropicais passam a ter
destaque na produção nacional. Um dos fatores determinantes foi o crescimento da população europeia nesse período e, consequentemente, o aumento do consumo de produtos tropicais.
Em resumo, as principais características deste período de cultivo do algodão são: a utilização do trabalho escravo, voltado para o mercado externo, cultivo nos latifúndios, monocultura.
Ciclo do Café
O café (também chamado de “ouro negro”) foi um dos principais produtos de exportação no país. Isso
aconteceu em meados do século XVIII, e esse período teve seu auge no século XIX.
O oeste paulista e a região do Vale do Paraíba, foram os principais locais de cultivo, visto o solo favorável
presente: a terra roxa.
Esse período econômico tem início com o declínio das exportações de cana-de-açúcar. No início do
Ciclo do Café, a mão de obra escrava era usada nas lavouras, contudo, é ainda durante esse Ciclo econômico que acontece a abolição da escravatura no Brasil, e há estímulo para a vinda de imigrantes europeus para o país para trabalharem nas lavouras (no sistema de monocultura).
No final do século XIX, o Brasil chegou a exportar mais de 50% do produto para consumo mundial, porém sofreu duas quedas nas primeiras décadas do século XX, decorrentes das crises internacionais, o
que impactou no declínio desse Ciclo.
Ciclo da Borracha
Abrangeu o período entre os anos de 1890 e 1920, sendo dividido em duas fases: de 1879 e 1912 (primeiro
Ciclo da Borracha), e entre 1942 e 1945 (segundo Ciclo da Borracha).
Nesse período, o látex foi o principal produto de exportação, que era utilizado para a produção de borracha. Esse ciclo econômico foi desenvolvido na região norte do país principalmente nas cidades de
Manaus (Amazonas), Porto Velho (Rondônia) e Belém (Pará).
Na primeira fase, o principal impulso para a produção desse produto, extraído da seringueira, foi o advento da Revolução Industrial Inglesa, que exigia mais matéria-prima para a fabricação de produtos.
Nesse período, cerca de 40% de toda a exportação brasileira era proveniente da Amazônia.
Em 1910, tem início a concorrência da Hevea Brasiliensis plantada na Ásia, produzindo a custos muito
inferiores aos da mata nativa no Brasil. Isso provoca uma queda brusca no preço do látex, tornando impossível a exploração comercial da borracha amazônica. Com isso, a fabricação de borracha brasileira
entra em crise, paralisando a economia nas regiões produtoras.
Economia do Brasil Atual
A economia brasileira atual é diversificada e abrange os três setores: primário, secundário e terciário.
O País há muito abandonou a monocultura e diversificou suas indústrias.
Hoje, a economia brasileira é baseada na produção agrícola, o que faz do Brasil um dos principais exportadores de soja, frango e suco de laranja do mundo. Ainda é líder na produção de açúcar e derivados da
cana, celulose e frutas tropicais.
Igualmente, possui uma importante indústria de carne, com a criação e abate de animais, ocupando o
posto de terceiro produtor mundial de carne bovina. Em termos de indústria de transformação, o Brasil se destaca na produção de peças para abastecimento dos setores automotivos e aeronáuticos. Da
mesma forma é um dos principais produtores de petróleo do mundo, dominando a exploração de petróleo em águas profundas. Mesmo assim, é destaque na produção de minério de ferro.
PARA SABER MAIS
ATIVIDADES
01 – Associe as diferentes formas de exploração econômica e ocupação do território aos períodos em
que ocorreram:
A) Século XVI
B) Século XVII
C) Século XVIII
D) Século XIX
( ) Desenvolvia-se no território um conjunto de atividades econômicas importantes, como a produção
de café, de cacau e de algodão, que fortaleceram o povoamento das terras. Na Amazônia, houve
avanço da ocupação por causa da produção de borracha.
( ) Além da exploração do pau-brasil, a produção de cana-de-açúcar, principalmente no Nordeste, começou a ganhar importância. Nesse período, a ocupação se concentrava no litoral.
( ) A expansão da pecuária pelo território e a exploração de ouro e diamantes foram as principais atividades que favoreceram o domínio das terras a oeste.
( ) A expansão do povoamento acompanhou a produção de cana-de-açúcar em áreas do Sudeste. A
pecuária levou o povoamento em direção ao interior do território e a busca pelas drogas do Sertão
(guaraná, urucum, cravo, canela, salsa, entre outras) possibilitou o início da ocupação da Amazônia
pelos portugueses.
02 – No Brasil colônia, a pecuária teve um papel decisivo na:
A) ocupação das áreas litorâneas
B) expulsão do assalariado do campo
C) formação e exploração dos minifúndios
D) expansão para o interior
03 – Sobre o fracasso do chamado “Ciclo da Borracha”, na região amazônica, são feitas as seguintes
afirmativas:
I. faltou mão-de-obra especializada, afinal a migração nordestina não foi capaz de atender a demanda;
II. a produção desenvolvida pelos ingleses em regiões asiáticas resultou em um produto com custo menor, dificultando a comercialização do nosso látex;
III. a ocorrência da Primeira Guerra Mundial paralisou o comércio internacional, dificultando as exportações brasileiras.
Assinale:
A) se apenas a afirmativa I for correta.
B) se apenas a afirmativa II for correta.
C) se apenas a afirmativa III for correta.
D) se as afirmativas I e II forem corretas.
04 – Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a açucareira e a
mineração. Sobre esses dois ciclos econômicos, descreva suas principais características.
05 – Quais as características dominantes da economia colonial brasileira:
A) propriedade latifundiária, trabalho indígena e produção monocultora
B) propriedades diversificadas, exportação de matérias-primas e trabalho servil
C) pequenas vilas mercantis, monocultura de exportação e trabalho servil
D) propriedade minifundiária, colônias agrícolas e trabalho escravo.
06 – Descreva sobre a atual fase econômica brasileira.
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